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Atualidades Enem: Crise de 1929 x Crise de 2008

Entenda o que foi a crise econômica de 1929 e de 2008, suas relações e como elas podem cair no Enem e em outros vestibulares

A pandemia do novo coronavírus obrigou quase todo o mundo a parar suas atividades. Com o isolamento social, o faturamento de diversas empresas despencou e, consequentemente, o mercado financeiro desestabilizou

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Alguns especialistas dizem que a crise econômica e social gerada pela pandemia do novo coronavírus pode ser igual ou até pior que as crises econômicas de 1929 e 2008

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Crianças durante uma manifestação em 1929. Seus cartazes dizem “A criança de Rarig (um empresário da época) não passa fome. Por que deveríamos?” e “Por que não pode dar um emprego para o meu pai?” (Reprodução/Internet)

Para Augusto Neto, autor e professor de Geografia do Sistema de Ensino pH, com certeza há semelhanças entre as crises. “A crise atual nos lembra como a questão econômica e comercial global necessita de um ajuste fino, impactado por muitos fatores diferentes. Seja uma guerra, uma bolha imobiliária ou uma pandemia, grandes eventos desestabilizadores geram o famoso efeito dominó nos mercados globais”, opina.

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Mas, você sabe o que foram as crises de 1929 e de 2008? Nesta matéria, você entende mais sobre essas crises e como elas podem aparecer no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira!

Crise de 1929

Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos se consolidaram como a maior economia do mundo. Isso porque os EUA lucraram muito com a venda de suprimentos e armas durante a guerra. E, com o fim do conflito, forneceram produtos e crédito para a reconstrução da Europa.

Os anos 1920 foram de grande euforia econômica para os EUA. Nesse período, se estabeleceu o “American Way of Life”, expressão que sintetiza o estilo de vida americano, baseado no bem-estar e no consumo, e utilizado como propaganda do país.

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Fila de sopa para desempegados durante a Crise de 1929 em frente a uma propaganda do American Way of Life: “O melhor padrão de vida do mundo. Não há jeito melhor que o jeito americano” (Margaret Bourke-White/Wikimedia Commons)

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O sentimento otimista aliado ao liberalismo econômico quase irrestrito implantado pelo governo, intensificou os investimentos na produção industrial e agrícola, assim como a especulação no mercado financeiro. Com o ritmo de produção do fordismo, as mercadorias eram produzidas em larga escala. 

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O período de crescimento econômico ainda favoreceu a popularização do mercado de ações. Muitos americanos começaram a comprar ações com objetivo de vendê-las com lucro, o que criava uma sensação de prosperidade, aumentando a especulação financeira. 

Entretanto, o aumento na produção não foi acompanhado pelo aumento dos salários e a concentração de renda, estabelecida principalmente com a formação de grandes monopólios e oligopólios, era cada vez maior. Além disso, a mecanização dos processos de produção e as dificuldades vividas na agricultura aumentavam o desemprego.

Superprodução

Gradativamente, o processo de boom na produção encontrou obstáculos no consumo, pois as famílias americanas não conseguiam consumir a grande quantidade de mercadorias produzidas. Ao mesmo tempo, a Europa retomava sua economia e também não conseguia absorver os produtos americanos.

Esse processo gerou uma crise de superprodução na economia americana, ou seja, a produção de bens superou – em muito – a capacidade de consumo pelo mercado, principalmente a partir de 1929.

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Fila de famílias americanas esperando por ajuda financeira (Dorothea Lange/Wikimedia Commons)


Crash da Bolsa de Valores

Com o acúmulo de estoques e prejuízos, milhares de investidores passaram a ficar receosos em relação a seus investimentos. A supervalorização da bolsa estava baseada em uma bolha de concessão de crédito desregulado, superprodução e especulação.

Então, o clima de pessimismo se espalhou e provocou a venda em massa de ações. A grande oferta culminou na desvalorização e quebra ou crash da Bolsa de Valores de Nova Iorque, no dia 24 de outubro de 1929, conhecida como Black Thursday (quinta-feira negra).

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Multidão em frente à Bolsa de Valores de Nova Iorque em outubro de 1929 (US-Gov/Wikimedia Commons)

A quebra da bolsa levou à falência de milhares de empresas e bancos. Se iniciava a Grande Depressão, período que se estendeu até 1933. Nesse período, empresários perderam todo seu patrimônio e o desemprego disparou, o que culminou em uma onda de suicídios, pobreza e alcoolismo. Já o PIB, as exportações e importações, a concessão de crédito, os salários e a produção despencaram.

Reflexos no mundo

Devido à interdependência da economia capitalista, logo a crise se espalhou pelo mundo. Os países da América Latina, que dependiam fortemente da exportação de produtos primários para os EUA, foram muito abalados, pois não havia mais quem comprasse seus produtos. No Brasil, houve uma crise sem precedentes na indústria do café.

A crise nos países europeus, principalmente na Alemanha, contribuiu para a ascensão do fascismo e nazismo ao poder. O único país que escapou relativamente ileso da crise foi a União Soviética, que já havia iniciado a transição para o socialismo.

New Deal

Em 1933, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt lançou o New Deal (novo acordo), um plano de recuperação econômico que propunha um novo papel para o Estado, regulamentando a atividade econômica para criar demanda e restabelecer o consumo. 

Apesar de crítico ao liberalismo, o new deal não rompia com o capitalismo, mas, ao contrário, procurava salvá-lo. O novo plano aumentava os investimentos em obras públicas e reduzia a jornada dos trabalhadores, procurando, assim, criar mais empregos. Também foram feitos investimentos para recuperar a produção agrícola e criados novos órgãos para resolução de conflitos trabalhistas. 

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Obras públicas para gerar emprego era uma das medidas do departamento Works Progress Administration, criado no New Deal (Reprodução/Internet)

A recuperação completa dos EUA se dá durante a Segunda Guerra Mundial, com a reabilitação de indústria bélica e a ajuda aos países mais afetados.

Crise de 2008

Décadas depois, uma nova crise se espalhou pelo mundo. A crise de 2008 também começou nos EUA, mas, dessa vez, seu estopim não foi relacionado ao modelo produtivo industrial e sim ao modelo de crédito imobiliário. 

O professor Augusto explica que o setor de construção civil dos EUA se dinamizou muito após anos de conflitos no Oriente Médio, gerando um superaquecimento em seu mercado interno. 

Bolha imobiliária

Para manter a estabilidade do setor, a partir da década de 1990, se flexibilizaram os critérios para a obtenção de empréstimos. Assim, milhares de americanos, até mesmo pessoas sem renda, conseguiram empréstimos a juros baixos para financiar suas casas. Era o chamado sistema de hipotecas subprimes, ou seja, empréstimos de alto risco e taxas de juros variáveis. 

As condições de crédito aumentaram a procura por casas. A alta demanda, por sua vez, valorizou os imóveis e criou uma bolha imobiliária, pois as casas eram financiadas por um valor mais alto do que valiam. 

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Charge sobre a supervalorização irreal dos imóveis (Reprodução/Internet)

Além disso, os bancos americanos lançaram títulos no mercado financeiro no valor das hipotecas. Sem a fiscalização do governo, esses títulos eram bem avaliados em classificações fraudulentas de agências de classificação de risco dos próprios bancos privados e, por isso, negociados pelo mundo todo.

Inadimplência em massa

Entretanto, a concessão de crédito a famílias que não tinham condições de pagá-los se unia aos baixos salários e concentração de renda. Em 2005, quando o governo aumentou a taxa de juros para conter a inflação, muitos americanos não conseguiram mais honrar ou refinanciar suas dívidas e houve uma inadimplência em massa.

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“Eu achei que eu estava apenas comprando uma casa” – Charge sobre a fragilidade dos títulos baseados em hipotecas de alto risco (Reprodução/Internet)

Sem dinheiro para realizar suas operações, muitos bancos ficaram descapitalizados. A situação foi exposta somente em 2007 e culminou na crise de 2008, a mais grave desde a 1929. A falência do banco de investimentos Lehman Brothers, um dos maiores do país, abriu caminho para a quebra de diversos outros bancos e empresas.

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Funcionários retiram placa do banco Lehman Brothers (Reprodução/Reuters)

A crise deixou milhões de americanos sem casa e sem emprego, reduziu o consumo e impactou no mercado financeiro internacional. Nos anos seguintes, a recessão se propagou pelo mundo. No Brasil, houve falência de empresas, desemprego, queda no valor das ações e aumento do dólar.

Para socorrer a economia, o governo americano liberou trilhões de dólares aos bancos e adotou medidas para dificultar a compra de imóveis e manter os preços estáveis.

Como pode cair no Enem?

Por ser um fato histórico, o professor Augusto afirma que a crise de 1929 é uma tema bastante abordado no Enem. Já a crise de 2008, por ser um assunto mais da atualidade, aparece em questões interpretativas. 

O professor destaca que, na prova, a crise de 1929 costuma estar ligada com temas como a Primeira Guerra Mundial e o Fordismo. A crise de 2008, por sua vez, geralmente é associada com a globalização e a consequente interdependência das economias globais.

Confira exercícios sobre a Crise de 1929 no Manual do Enem

Quais as semelhanças e semelhanças entre as crises de 1929 e 2008?

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Ao comparar as crises de 1929 e 2008, o chargista critica que na última crise afetou mais a população que os empresários e investidores (Reprodução/Internet)

Apesar dos diferentes estopins que levaram às crises – uma superprodução e, outra, bolha imobiliária -, ambas tiveram como protagonista os Estados Unidos e afetaram a economia global.

Outra diferença apontada por Augusto é a velocidade de propagação dos impactos econômicos: “Estamos falando de crises com quase 100 anos de intervalo e muito desenvolvimento tecnológico nas comunicações entre elas. No caso da crise mais recente, seu potencial de propagação foi muito mais rápido que o da primeira”.

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