Qual é a diferença entre estudar em uma universidade pública e em uma privada?
O Guia da Faculdade, Eduardo Schiavoni, teve a oportunidade de estudar nesses dois tipos de instituição. Veja quais são as diferenças
Atualizado em 26/03/2020
Vestibulares concorridos, com concorrência que chega a mais de cem candidatos por vaga, nos cursos mais tradicionais. Entrar para um curso oferecido pelas universidades públicas não é exatamente fácil. E, em um momento ou outro, surge a pergunta: tem muita diferença entre fazer faculdade em uma instituição pública ou em uma particular?
A resposta é sim, a diferença é grande. Mas não se apresse. Ao contrário do que diz o senso comum, isso não significa, necessariamente, que uma é melhor que a outra.
Preciso dizer, antes de continuar, que tenho experiência com as duas vertentes de Ensino Superior. Entrei em 1999 no curso de Jornalismo da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Bauru, turma de 1999, e voltei aos bancos universitários quase 20 anos depois para cursar Direito na Estácio em Ribeirão Preto.
Além dessa última, também iniciei – sem concluir – o curso de Letras em uma universidade privada, e Direito em outra universidade pública, além de duas pós-graduações em universidades particulares.
Na minha experiência, a universidade pública é mais indicada para pessoas com menos compromissos cotidianos na vida. Isso porque, para cursar uma pública, a exigência de tempo de estudo e envolvimento com a vida acadêmica é maior.
A particular, por isso, é ideal para quem já está inserido no mercado de trabalho. Numa simplificação grosseira, a particular se molda à vida dos universitários, enquanto na pública o universitário tem que se moldar à universidade.
Ao contrário do que é o senso comum, a história de que a universidade pública fornece formação melhor que a privada não é verdadeira. Muitos professores dão aulas em ambas os tipos de instituição.
No meu curso de Direito, por exemplo, tive aulas com professores formados pela USP (Universidade de São Paulo) e Unesp e que também lecionavam nestas universidades públicas.
Leia: Como entrar em uma faculdade pública
O que muda, substancialmente, é a qualidade do aluno, que entra mais preparado na universidade pública devido ao processo de seleção mais apurado. Convivendo com pessoas dos dois “mundos”, posso dizer que conheci e convivi com bons profissionais oriundos de ambas as modalidades de ensino superior.
Conheci bons e maus professores em universidades públicas e privadas, em igual medida. E, após toda minha vivência, posso dizer com propriedade: mais importante que a instituição é a disponibilidade do aluno em aprender. Isso faz mais diferença que o lugar onde ele estuda.
Não que ambos os modelos não possuam diferenças. E é sobre elas que tentarei falar agora.
Mais exemplos
O jornalista e advogado Conrado Ferraz, que cursou simultaneamente Jornalismo, na Unesp (Universidade Estadual Paulista), e Direito, na Instituição Toledo de Ensino, em Bauru, explica que o que muda, substancialmente, é a forma de seleção.
“O processo para ingressar no curso de uma universidade pública geralmente é concorrido, seleciona alunos com maior domínio das disciplinas”, conta. “Isso é um diferencial, já que, nas particulares, é comum encontrar estudantes com problemas de formação decorrentes de deficiências no Ensino Fundamental e Médio”, continua.
A professora Fabiana Braga, doutora em Pedagogia e com uma década de experiência em instituições públicas e privadas, concorda. “Nas públicas, os alunos chegam dominando os conteúdos, por isso acabam tendo mais facilidade no início. O desempenho no fim do curso, entretanto, não apresenta grande discrepância”, explica.
Prós
Evidentemente, uma grande diferença é o preço: enquanto quem cursa uma instituição pública não paga um centavo de mensalidade, nas particulares é preciso botar a mão no bolso para conseguir o diploma. Mas, além disso, há uma série de diferenças.
Veja: Como pagar uma faculdade particular?
O professor de direito Leopoldo Soares, graduado e pós-graduado em uma instituição pública, mas que dá aulas nas redes particular e pública, avalia que a vivência acadêmica nas particulares é um diferencial. “Há uma convivência maior na academia. Além disso, há mais caminhos nas públicas para quem busca a área acadêmica, com mais incentivos como bolsas e projetos de pesquisa”, conta.
Por conta disso, é comum ver alunos que optam pela pesquisa acadêmica e engatam, na sequência, bolsas de pesquisa na graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. “O sistema educacional superior público é voltado para essa formação acadêmica, então as ferramentas estão todas ali, ao alcance de qualquer aluno que queira seguir esse caminho”, conta a jornalista Jaqueline Schiavoni, formada pela Unesp de Bauru e que engatou, na sequência, mestrado na Unesp e doutorado e pós na USP.
Contras
Por outro lado, como os cursos de universidades públicas são ofertados em cidades específicas, a probabilidade de ter que mudar de cidade para fazer a faculdade é grande. Embora essa seja uma experiência muito enriquecedora, significa, também, para o estudante deixar de lado muitos dos vínculos que criou em sua cidade natal. “É uma mudança de vida. Nas universidades particulares, percebe-se uma continuidade maior na rotina dos estudantes”, comenta Leopoldo.
Veja: As melhores faculdades particulares do Brasil, segundo o MEC
Outro ponto importante é a organização. Universidades particulares são prestadoras de serviço e, como tal, estão sujeitas às leis de proteção do consumidor. Na prática, isso significa que o serviço vendido por ela precisa ser prestado. Você não verá com frequência, por exemplo, perda de dias letivos por conta de greves e paralisações, que são corriqueiras em uma faculdade pública.
No meu curso de Jornalismo, que conclui nos quatro anos regulamentares, vivenciei três greves. E posso dizer que mais de um ano dos quatro foi perdido em paralisações. Como adiantei matérias, não tive que adiar minha formatura, mas muitos colegas que optaram por não adiantar matérias foram obrigados a pegar o diploma com pelo menos um semestre de atraso.
Leia: Faculdade pública ou particular: qual escolher?
A verdade é que, infelizmente, a universidade pública é um mundo a parte no qual o aluno não importa muito para os interesses de servidores e professores. “Ano sim, ano não, o pessoal faz alguma greve. Em muitos casos, perde-se o semestre. É um dos grandes problemas de se estudar em universidade pública”, conta a estudante de Educação Física da USP (Universidade de São Paulo), Cristina Ferreira.
E, se por um lado a intensa vivência acadêmica possibilita aos estudantes das particulares o acesso ao mundo acadêmico, as particulares facilitam para quem quer fazer a faculdade já no mercado de trabalho, conciliando as duas coisas.
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