Redações nota 1000: veja 5 características que todas têm em comum

Principalmente no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a redação desempenha um papel crucial na definição da nota dos estudantes. Conseguir uma nota máxima de 1000 pontos é um feito digno de comemoração, mas também um desafio e tanto. 

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Por isso, saber quais são as características que todas as redações nota 1000 têm em comum não é apenas uma curiosidade, mas sim uma valiosa ferramenta de preparação para os estudantes que desejam obter um ótimo desempenho no Enem e em outros vestibulares. 

Desde a habilidade de argumentação sólida até a capacidade de desenvolver uma tese clara e coerente, esses são traços presentes nas melhores redações. Confira a seguir algumas das principais características que unem as redações nota 1000, e seja você a próxima pessoa a obter essa nota!

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Como fazer uma redação nota 1000?

Na teoria, segundo a Cartilha de Redação do Enem, elaborada pelo próprio Inep, órgão responsável pela prova, as redações que obtêm nota 1000 são aquelas que cumpriram todas as exigências relativas às cinco competências avaliadas, que são:

• Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
• Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
• Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
• Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
• Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Assim, segundo a Cartilha, todos os textos que obtiveram nota 1000 no tema de redação do Enem 2022, por exemplo, continham uma proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos (Competência V); apresentavam as características textuais fundamentais, como o estabelecimento de coesão, coerência, informatividade, sequenciação, entre outras (Competências II, III e IV); e demonstravam domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa (Competência I). 

Esse domínio, de acordo com o documento, pode ser comprovado pelo “cumprimento dos princípios de organização frasal, pela adequação às convenções da escrita, às regras gramaticais e à escolha vocabular, bem como pela utilização de linguagem formal, apropriada ao registro esperado no texto dissertativo-argumentativo”. 

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5 características que todas as redações nota 1000 têm em comum

A partir do que explica a Cartilha da Redação do Enem e também a Ionara Medeiros, professora de Língua Portuguesa e editora de linguagens da Plataforma Amplia, sistema de ensino para educação básica, confira quais são os principais elementos presentes em todas as redações nota 1000:

1) Apenas 1 “desvio de escrita”

De acordo com uma análise dos textos nota 1000 listados na Cartilha, todos apresentam apenas um erro, seja gramatical, de vocabulário, ou concordância, isso quando não têm nenhum erro. Por exemplo, em uma das redações, foi escrito “meio-ambiente” com hífen, quando o correto é sem hífen. Em outro texto, o participante usou “na medida que”, em vez de “à medida que”, que seria o certo.

“Desvios gramaticais ou de convenções da escrita foram aceitos somente como excepcionalidade e quando não caracterizaram reincidência”, é que o consta na Cartilha de Redação do Enem.

Dessa forma, entende-se que: os erros em si podem até variar (desde que não sejam graves), mas a quantidade não. Assim, é possível perceber que, para que uma redação seja considerada nota 1000, é necessário que, ou não haja nenhum “desvio de escrita”, ou apenas um erro em toda a redação. 

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2) Introdução contextualizada

Todos as redações nota 1000 também possuem uma ótima introdução, formulada de uma forma que, ao mesmo tempo em que se apresenta o tema, demonstra qual será a tese e a contextualização das ideias que serão tratadas.

“Algumas estratégias de contextualização são: apresentar um conceito, dados estatísticos ou citar objetos culturais que contribuam para análise do tema que será abordado; comparar situações ou fazer alusão a dados históricos que contribuam para reflexão do problema”, afirma a professora.

Ionara ainda reforça que, ao contrário do que alguns pensam, tese e ponto de vista são conceitos diferentes, então vale se atentar:

“Elabore uma tese, tendo em mente que ela não se trata de um ponto de vista ou de uma opinião, que, normalmente, são muito subjetivos. Ela é uma proposta que precisa ser defendida por meio de argumentos”, explica.

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3) Boa argumentação no desenvolvimento

Ainda segundo a professora, nos parágrafos de desenvolvimento é preciso apresentar uma argumentação sólida, fazendo uso dos diferentes tipos de argumentos: de autoridade, de comparação, de raciocínio lógico, histórico, etc. 

É importante escolher um argumento não apenas pelo seu tipo, mas pela relevância para defender a sua tese. Veja o exemplo de uma boa argumentação na redação abaixo, feita pela candidata Ana Carolina Angelim Damasceno:

“É necessário destacar, de início, o descaso do Poder Público em assegurar, de maneiraefetiva, os direitos fundamentais às comunidades tradicionais. De fato, o Estado, historicamente,negligenciou a proteção de organizações sociais distintas, tais quais ciganos, quilombolas eindígenas e, muitas vezes, legitimou a dissolução da cultura desses povos, prova disso foi,durante o período de Ditadura Militar, a adoção de uma política assimilacionista, isto é, deintegração dos povos nativos aos costumes da sociedade citadina como tentativa de extinguirdeterminadas tradições. Dessa forma, as populações tradicionais são desvalorizadas e, não raro,não reconhecidas pelo Governo, conjuntura que impossibilita seu pleno exercício de dignidade,tendo em vista a dificuldade de acesso a direitos sociais imprescindíveis para seu bem-estar epara a perpetuação de seus saberes ao longo das gerações, necessários para a manutenção deuma identidade coletiva associada ao reconhecimento de sua ancestralidade.”

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4) Amplo repertório sociocultural

Para estar preparado para elaborar um texto com todos os elementos citados, é muito importante ampliar e atualizar constantemente o seu repertório sociocultural, que é o conjunto de suas experiências e de seu conhecimento de mundo. 

Por exemplo, em praticamente todas as redações nota 1000 trazidas pela Cartilha de Redação, os participantes citaram exemplos de momentos históricos e da atualidade, frases de filósofos, sociólogos, escritores, séries de TV e até mesmo entidades e documentos oficiais como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Constituição Federal de 1988 e o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 

Assim, a dica da professora é procurar estar sempre bem-informado sobre temáticas que abordem questões econômicas, sociais, culturais, científicas, políticas, ambientais, de saúde etc. Para isso, é recomendado que você: 

• Ouça podcasts; 
• Acompanhe blogs de fontes confiáveis; 
• Assista a curtas, documentários, reportagens, etc; 
• Acompanhe os principais portais de notícias; 
• Leia livros sobre as temáticas citadas.

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5) Proposta de intervenção completa

Outro ponto em comum entre todas as redações é concluir o texto com uma proposta de intervenção que contemple toda a problemática e que realmente traga uma forma de solução ou minimização da questão de forma efetiva e viável. 

De acordo com a professora Ionara, na proposta deve constar “a ação, o agente, o modo/meio como a ação poderá ser implementada, o efeito dela e, se for pertinente, um detalhamento. É importante lembrar que esses elementos devem aparecer na ordem que fizer mais sentido para o texto”. 

Veja alguns exemplos de propostas de intervenção presentes nas redações nota 1000:

“Portanto, cabe ao Estado — em sua função de promotor do bem-estar social — estabeleceruma ampla fiscalização do uso comercial do meio-ambiente em áreas com maior volume de povostradicionais, mediante a criação de mais delegacias especializadas no setor ambiental, a fim degarantir a preservação do estilo de vida desses indivíduos. Outrossim, é dever do Governo Federalorganizar uma campanha de valorização de tais grupos, por meio da divulgação de informativosem redes sociais e da realização de palestras em escolas, de modo a enfatizar a contribuiçãosocioambiental desses cidadãos, para, assim, conscientizar a população e possibilitar a exaltaçãodas culturas tradicionais brasileiras.” – redação de Juliana Moreau de Almeida Soares

“Portanto, a valorização de populações tradicionais brasileiras é dificultada por fatoresadministrativos e sociais. Então, o Ministério do Meio Ambiente deve criar um programa decombate às práticas ilegais nos ecossistemas, mediante o enrijecimento de punições e ofortalecimento da fiscalização, visando reduzir a impunidade. Além disso, o Ministério daCidadania deve realizar ações que promovam a segurança das comunidades, através de incentivoà demarcação dos territórios e à atualização da legislação vigente, com o objetivo de diminuir aviolência e garantir a continuidade dos conhecimentos socioculturais. Assim, com essas atitudes,os povos tradicionais serão valorizados no Brasil.” – redação de Luiz Henrique Nogueira dos Santos

“É imprescindível, portanto, que Estado, aliado à esfera municipal e estadual de poder,proteja, efetivamente, as comunidades tradicionais do Brasil, por intermédio de políticas públicasvoltadas para o reconhecimento oficial de povos ancestrais negligenciados, como extrativistas epescadores, bem como para a promoção de direitos às diversas organizações culturais — com ademarcação de terras indígenas e quilombolas e a visita periódica de agentes do governo quedocumentem as necessidades de cada grupo —, a fim de proporcionar o exercício de dignidadepara esses indivíduos. Urge, também, que a escola possibilite o conhecimento sobre essaspopulações, mediante palestras e aulas extracurriculares — com profissionais da área de históriae de antropologia, que demonstrem a importância dessas comunidades —, com o intuito deincentivar a criticidade dos estudantes sobre a valorização de povos tradicionais.” – redação de Ana Carolina Angelim Damasceno.

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