A prova do Enem 2025 apresentou um caráter interdisciplinar, abordando temas sociais, ambientais e culturais de grande relevância.
Filosofia e Sociologia
As provas de Filosofia e Sociologia do Enem 2025 mantiveram o foco em temas clássicos, mas com forte presença de questões sociais e éticas contemporâneas.
Segundo Carlos Henrique, autor e professor do Colégio e Sistema pH, a parte de Filosofia apresentou nível mediano, com equilíbrio entre interpretação e conteúdo. “A prova se segurou muito em quatro frentes: ética, política, conteúdo e justiça”, explicou.
Em Filosofia, os textos cobravam a capacidade de relacionar conceitos e autores. “Tinha um texto do Adam Smith sobre capitalismo e moralidade, outro da Clarice Lispector tratando da infância, e uma questão sobre o utilitarismo de Bentham”, detalhou o professor.
Ele destacou ainda que as perguntas sobre política foram “bem mais conteudistas, abordando as formas de governo aristotélicas e a sofocracia platônica, a organização do Estado ideal segundo Platão”.
O exame também incluiu uma reflexão sobre justiça, que, segundo o docente, “dialogou diretamente com Sociologia, especialmente com a questão dos direitos, tema central nas Humanas deste ano”.
Na prova de Sociologia, o professor destacou que o Enem 2025 concentrou-se em dois grandes eixos: direitos e cultura. “A prova trouxe discussões sobre o Muro de Berlim, saberes tradicionais, religiões de matriz africana e o preconceito que ainda sofrem na sociedade brasileira”, observou.
Carlos Henrique também ressaltou que houve questões inspiradas em antropologia clássica, como a oposição entre o “selvagem” e o “civilizado”, e temas ligados a Foucault, que tratavam das instituições como formas de controle social.
Além disso, o exame abordou direitos das mulheres e direitos humanos, discutindo como o conceito de universalidade pode se transformar ao longo do tempo.
História
A prova de História do Enem 2025 foi avaliada como de nível médio, com equilíbrio entre interpretação e conteúdo, segundo Thiago Teixeira, autor e professor do Colégio e Sistema pH.
Para ele, o exame “dialogou bastante com sociologia e filosofia, porque trabalhou temas como cidadania, política, direito, justiça, cultura e memória”. O professor observou que os candidatos com boa base nesses conceitos interdisciplinares tiveram vantagem.
Apesar de considerada acessível, Teixeira ressaltou que a prova exigiu atenção redobrada. “O vocabulário dos testes estava bastante complexo, e o nível de cansaço dos alunos pode ter gerado uma dificuldade maior”, apontou.
Entre os conteúdos mais cobrados, estiveram o segundo governo Vargas — com destaque para o atentado da Rua Tonelero e suas consequências políticas —, o papel de Veneza e das cidades italianas no humanismo, a economia mediterrânea, a reforma de 1831 sobre o voto dos analfabetos e a chegada da imprensa régia ao Brasil.
Segundo o professor, também apareceram questões culturais, como “a antropofagia, o silenciamento da cultura afro-brasileira e de sua religiosidade”, em linha com a abordagem humanista vista nas últimas edições do Enem. Diferentemente de 2024, porém, não houve relação direta entre a prova de História e o tema da redação.
Geografia
Em Geografia, segundo o diretor do PB Colégio e Curso, Hugo de Almeida, o exame trouxe uma abordagem “bastante atual, com foco em temas ambientais e energéticos”.
Ele destacou que a prova tratou de emissões de CO₂, desmatamento, avanço dos carros elétricos e o papel da Amazônia na regulação do regime de chuvas por meio dos chamados rios voadores, além da transição energética e da redução do carbono como desafios globais.
Para o professor, “foi uma prova que exigiu do aluno olhar crítico e conectado às transformações climáticas e econômicas do mundo contemporâneo”.
O professor de Geografia dos colégios Start Anglo Bilingual School e St. Georges do Rio de Janeiro, William Praia, reforçou essa perspectiva ao afirmar que “o Brasil vem buscando se posicionar como protagonista geopolítico na transição energética, explorando o potencial dos recursos naturais renováveis e das fontes limpas de energia”.
Linguagens e Redação
Na área de Linguagens e Redação, os comentários convergiram para a importância da escrita e leitura como práticas complementares.
O professor de Língua Portuguesa e Literatura dos colégios Start Anglo Bilingual School e St. Georges, Alysson Franco Abrantes, destacou que “a substituição da escrita à mão pela digitação fez com que muitos perdessem o hábito de escrever, e, quando se perde essa prática, perde-se também parte da capacidade de se expressar bem e interpretar textos com profundidade”.
Já a professora de Redação dos colégios Start Anglo Bilingual School e St. Georges do Rio de Janeiro, Tatiana Paes, avaliou que “a escrita manual favorece uma elaboração mais profunda e reflexiva, enquanto a tecnologia traz agilidade, mas pode reduzir a espontaneidade do ato de escrever”.
A docente Tatiana Paes também relacionou o debate sobre o envelhecimento e os padrões de beleza à proposta da redação deste ano: “figuras como Paolla Oliveira e Margot Robbie representam uma tentativa de romper com expectativas rígidas sobre a aparência ideal, mostrando que a beleza pode e deve coexistir com a passagem do tempo”.
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