Atualidades Enem: Guerra Comercial entre EUA x China
Nesse post, entenda sobre a disputa por mercados entre as duas maiores potências do mundo e como o assunto pode cair na sua prova do Enem!
Atualizado em 24/07/2020
Nos últimos tempos, muito tem se falado na mídia numa guerra entre os Estados Unidos e a China. Mas, não daquelas guerras que envolve militares, armas e ataques, é a chamada Guerra Comercial.
Essa guerra é um disputa por mercados entre os EUA e a China. Os EUA são uma superpotência econômica, a maior economia do mundo, e há muito tempo e se vêem ameaçados com o crescimento econômico da China, a segunda maior economia global.
Nesse post, você entende tudo o que precisa saber sobre o assunto e como ele pode cair na sua prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
China: cobiçada pelo Ocidente
Até o século XVIII, a China era um país muito poderoso que dominava o comércio e explorações pelo mundo. Inclusive, os chineses trouxeram várias invenções para o mundo Ocidental como o papel, a pólvora e a bússola, mas a China ainda era muito fechada para os países ocidentais que tentavam se aproximar.
Entretanto, com a Revolução Industrial e o Neocolonialismo, outros países como a Inglaterra começaram a imperar sobre o mundo e a China se envolveu em diversos conflitos, como as Guerras do Ópio e a Revolta dos Boxers.
De um lado estava seu povo com forte sentimento nacionalista e, de outro, as potências querendo se aproveitar de suas riquezas e mão de obra. Diante das derrotas nas Guerras do Ópio e outros conflitos, a China se viu obrigada a cada vez mais se abrir para as potências ocidentais, pelas quais foi explorada.
Revolução Chinesa
Durante a 2ª Guerra Mundial, a China lutou ao lado dos Aliados (Eua, Inglaterra, URSS e outros) contra o avanço do nazifascismo da Alemanha, Itália e Japão. A aproximação com o regime socialista da União Soviética (URSS) contribuiu para o surgimento de um movimento socialista na China.
Em 1949, após uma guerra civil, acontece a Revolução Chinesa, liderada pelo líder Mao Tsé-Tung e o Partido Comunista Chinês, e a fundação da República Popular da China, um Estado comunista. A partir daí, o país se aproxima cada vez mais da URSS, se afastando do EUA, no contexto da Guerra Fria.
Com a China destruída após uma guerra mundial e outra civil, Mao Tsé-Tung pede ajuda a Stalin, líder da URSS, e inicia uma política crescimento econômico rural e industrial de forma rápida, chamada de o “Grande Salto Adiante”.
O projeto não rendeu o esperado e custou a vida de cerca de 15 milhões de chineses que morreram de fome diante das explorações do Estado. Nos anos 1960, depois da morte de Stálin e reformas na URSS, a China rompe com seu aliado.
Um país, dois sistemas
Após se afastar da URSS, a China começa a se reaproximar do Ocidente com uma reforma econômica realizada por Deng Xiaoping, líder da China entre 1978 a 1992. O líder declarou que a China se convertia ao “Socialismo de Mercado” ou “economia de mercado socialista”, sintetizado na frase “um país, dois sistemas”.
“Deng abriu as portas da China aos mercados globais, permitindo a entrada de empresas privadas transnacionais no litoral do país, nas chamadas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), integrando-as às gigantes indústrias estatais de base e abastecendo as cadeias de produção e consumo nas redes globalizadas”, explica Luis Felipe Valle, professor de geografia e atualidades do Colégio Oficina do Estudante.
A abertura se limitou ao aspecto econômico, em termos políticos, sociais e culturais, a China segue como um país muito fechado. “O governo chinês pouco tem de democrático ou popular também, pois realiza eleições unipartidárias, intervem no dia-a-dia da população, com leis de controle de natalidade, migrações internas e rigorosa fiscalização dos meios de comunicação e processos socioculturais”, complementa o professor.
Made in China
A reforma de Deng atrai muita indústrias de muitos países, como os EUA, e começa a onda dos milhares de produtos de empresas multinacionais produzidos na China, foi o “momento Made in China”.
Além de indústrias, a China também investiu em infraestrutura, educação e tecnologia. Ainda no século XX a China se consolidou como potência econômica na Ásia e a partir dos anos 2000 seu Produto Interno Bruto (PIB) cresceu rapidamente, se tornando um país emergente.
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Entretanto, professor Luis Felipe pontua: “o país começou a colher os frutos de um processo industrial colossal às custas de muita exploração ambiental, repressão social, imposição cultural e da rigorosa intervenção do Estado”.
Hoje, o país está mais moderno e seus produtos não são somente produzidos na China, mas sim desenvolvidos na China com tecnologia nacional, o que passa a incomodar e ameaçar os EUA e outras potências mundiais.
EUA x China
Atualmente, as empresas chinesas dominam o mercado mundial com a exportação de matéria-prima (commodities), como soja e ferro, e de bens de consumo, como roupas e eletrônicos. Assim, começam também a rivalizar e ameaçar transnacionais ocidentais, “que controlavam oligopólios produtivos formados desde a Revolução Industrial”, explica Luis Felipe.
Só para os EUA, em 2018, a china exportou cerca de US$ 500 bilhões em produtos. enquanto os EUA exportou para a China apenas US$ 120 bilhões, o que configura num déficit comercial recorde de cerca de US$ 419 bilhões para os EUA.
O déficit comercial é a diferença do volume exportado entre os dois países. Desde 2017, o déficit dos EUA em relação a China cresceu consideravelmente. Inicia-se, então a chamada Guerra Comercial.
Guerra Comercial
Para reverter esse déficit, o presidente americano Donald Trump começou a taxar de vários produtos chineses. A medida visa deixar os produtos importados chineses mais caros para incentivar os consumidores americanos a comprarem produtos nacionais.
Esse ano, as tarifas sobre alguns produtos chineses subiram de 10% para 25%. Em respostas, o governo chinês também impôs tarifas aos importados americanos e até boicotou a importação de alguns deles.
Guerra Cambial
Nas últimas semanas, a nova estratégia da China foi desvalorizar sua própria moeda, o yuan. Agora, para comprar um dólar são necessários mais de 7 yuans, o menor valor desde 2008. O objetivo da desvalorização é baratear os produtos chineses e estimular a exportação. Os EUA acusaram os chineses de manipulação cambial.
Consequências para o mundo
Se essa guerra comercial se transformar numa guerra cambial, todo o mercado mundial pode ser afetado, pois pode “desvalorizar a bolsa de valores e as moedas de outros países emergentes, como o Brasil, e aumentar o déficit comercial, afetando as empresas nacionais e gerando desemprego”, alerta o professor.
As atitudes protecionistas de Trump num país liberal, ou seja, que defende a redução da intervenção do Estado na economia, também pode afetar o comércio mundial.
Mas as consequências não são apenas negativas. Para países como o Brasil, a disputa pode ser a oportunidade de exportar commodities para a China e itens industrializados para os EUA, substituindo os produtos taxados que ficaram mais caros.
Como pode cair no Enem?
O professor Luis Felipe afirma que os temas economia e globalização são frequentes nas questões de Geografia no Enem, que podem ter interdisciplinaridade com as questões de História, Sociologia e Matemática Financeira. A prova pode cobrar análise da situação socioeconômica em que estamos inseridos a partir de acontecimentos da atualidade.
Outro ponto muito cobrado pelo Enem é a análise de gráficos, que podem ser sobre a evolução de PIB, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), taxas de câmbio e balança comercial”, sugere Luis Felipe.
Para facilitar sua vida de estudante, o professor Luis Felipe dá algumas dicas para se preparar para o tema:
- Saber a localização da China, EUA, Europa e Brasil no mapa-múndi;
- Reconhecer como a Guerra Fria ainda está presente nessa polarização entre EUA e China;
- Retomar os conceitos de globalização econômica, como balança comercial, setores econômicos, formação de clusters, holdings e cartéis;
- Entender políticas de industrialização conduzidas pelo Estado, por exemplo na Era Vargas, e pela iniciativa privada, aproximando-se do liberalismo e das privatizações.
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