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Crise Imigratória: Tudo o que você precisa saber sobre o tema

Estamos vivemos a maior crise migratória pós Segunda Guerra Mundial e seus impactos são sentidos até no Brasil

Nesta quarta-feira (19), o relatório anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) divulgou que o número de pessoas fugindo de guerras, perseguições e conflitos atingiu a marca de 70,8 milhões em 2018. É o maior número registrado em quase 70 anos de existência do ACNUR.

Essa semana também é celebrado o Dia Mundial do Refugiado, no dia 20 de junho. A data foi dedicada à conscientização sobre a situação dos refugiados em todo o mundo. Hoje, o mundo vive a maior crise migratória pós Segunda Guerra Mundial.

crise migratória
Resgate de refugiados sírios e iraquianos em embarcação afundando no Mar Mediterrâneo (Foto: Ggia/Wikimedia Commons)

O assunto já caiu na redação do Enem de 2012, com o tema “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI”, e ainda é recorrente. O Enem e outros vestibulares esperam que os candidatos tenham um olhar crítico em relação à crise. É preciso saber opinar e desenvolver argumentos e propor soluções, no caso da redação.

Leia também: Qual a diferença entre migração, imigração e emigração?

Quem são e da onde vêm os refugiados?

Os refugiados são pessoas que foram forçadas a deixar seu próprio país, seja por desastres ambientais, perseguição política, étnicas, religiosas, de nacionalidade ou por guerras, e buscam asilo em países estrangeiros. Há ainda pessoas que tentam escapar da pobreza e violência de seus países.

Segundo a ACNUR, entre os 70,8 milhões de imigrantes, quase 25,9 milhões são refugiados. Mais da metade deles (67%) vêm de cinco países: Síria, Afeganistão, Sudão do Sul, Myanmar (Birmânia) e Somália. A maior parte vem da Síria, cerca de 6,7 milhões de pessoas, pois o país vive uma guerra civil desde 2011.

guerra na síria
Cidade de Aleppo destruída por bombas durante Guerra Civil na Síria (Foto: Basma/Wikimedia Commons)

Quando começou o fluxo migratório?

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O professor de geografia Luiz Duarte, do Sistema de Ensino pH, pontua que é importante que o estudante tenha uma visão geral sobre os principais fluxos migratórios do pós-Segunda Guerra Mundial.

Nessa época, a Ásia e a África viviam um processo de independência, enquanto a Europa estava em reconstrução, com oportunidades de emprego, segurança e o aparecimento do Estado de Bem-Estar Social, e o Estados Unidos num momento de grande prosperidade econômica.

“As crises econômicas na América Latina nos anos 1980 e 1990 também contribuíram para o deslocamento populacional e o incremento desse fluxo em direção à América do Norte e à Europa”, complementa Luiz.

Rotas de fuga e mortes

A rota de fuga mais movimentada é o Mar Mediterrâneo, já que parte dos refugiados se destina à Europa. A travessia é perigosa e muitas organizações criminosas cobram pelo transporte clandestino dos refugiados. A ACNUR calcula que só nesse ano 15.459 pessoas fizeram a travessia pelo Mar Mediterrâneo para chegar até a Europa, arriscando suas vidas. Estima-se que 427 delas tenham se afogado.

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Marinha irlandesa resgatando imigrantes no Mar Mediterrâneo (Foto: Irish Defence Forces/Wikimedia Commons)

A questão ganhou mais destaque em 2015 com a foto do menino sírio Alan Kurdi, encontrado morto na praia de Bodrum, na Turquia. Mais da metade dos refugiados são menores de 18 anos. Um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) concluiu que o número de crianças se deslocando sozinhas cresceu cinco vezes entre 2010 e 2016.

Reação dos países estrangeiros e xenofobia

A maioria dos refugiados são abrigados no Oriente Médio e Ásia e milhares pediram asilo na Europa. Com a chegada de tantos refugiados, a maioria em situação precária, muitos países europeus começaram a adotar políticas anti-imigratórias.

Desde então, partidos com discursos nacionalistas e contra imigrantes ganharam força e elegeram muitos políticos. “Uma boa parte desses partidos realiza verdadeiras campanhas de caráter xenófobo, associando equivocadamente e de maneira generalizada o imigrante ao terrorismo ou culpando-o pelo desemprego”, critica Luiz.

A professor Luiz acredita que o Enem pode exigir que o candidato analise a ação de determinado governo no que se refere à dinâmica migratória. Nos EUA, por exemplo, uma das promessas de campanha de Donald Trump foi a construção de um muro na fronteira do México, que, segundo ele, ajudaria a conter a imigração clandestina.


É um absurdo pensar que a maioria dos imigrantes concorre em igualdade de condições com os nativos, geralmente mais qualificados. Os países desenvolvidos, que recebem muitos imigrantes, têm uma população cada vez mais envelhecida e uma carência de trabalhadores, principalmente para trabalhos que exigem menor qualificação. Esses postos de trabalho poderiam ser perfeitamente ocupados pelos imigrantes“ – professor Luiz Duarte

Outro tema que se relaciona com a discussão da crise imigratória é o Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia. O professor explica que, em 2016, grande parte das pessoas que votaram favoráveis ao Brexit acreditavam que o Reino Unido vivia uma crise de refugiados.

Leia também: Brexit e blocos econômicos: como podem cair no Enem?

O papel do Brasil na crise

O Brasil também sente os efeitos dessa crise migratória. O professor Luiz alerta que o estudante deve estar bem informado sobre o papel o Brasil no acolhimento das diferentes populações de refugiados. De acordo com a ACNUR, o Brasil recebeu 80 mil pedidos de asilo em 2018, tornando-se o sexto maior destinatário dos pedidos de asilo no mundo.

crise migratória
Mãe e filho venezuelanos acolhidos no Brasil em 2018 (Foto: Romério Cunha/Casa Civil Presidência da República)

Cerca de 77% dos pedidos de asilos são de venezuelanos (61.600). A Venezuela passa por uma crise e seu número de emigrantes disparou. Nesse mês, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) anunciou que o número de venezuelanos deixando o país alcançou 4 milhões.

Leia também: Crise da Venezuela: O que você precisa saber para o Enem

Na redação

O tema ainda é possível de se repetir na redação do Enem e outros vestibulares, com a proposta semelhante a “Crise Migratória e seus desafios”. Uma dica do professor de redação do Sistema de Ensino pH, Thiago Braga, é usar como argumento a ideia de nação.

“A ideia de nação cria uma identidade, que faz com que os indivíduos não se considerem como iguais. Antes de ser sírio ou de qualquer outra nacionalidade, o refugiado é um ser humano. Essa ideologia nacionalista impede que haja a percepção de que essa é uma crise humanitária” – professor Thiago Braga

Outro argumento válido é a negligência dos estados, mesmo diante a situação precária dos refugiados. “Vimos, por exemplo, a Itália solicitar ajuda para a União Europeia, que não foi atendida porque alegaram que isso iria incentivar a migração”, exemplifica o professor.

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Recepção de refugiados venezuelanos na Colômbia (Foto: Daniel Cima/ Comisión Interamericana de Derechos Humanos)

Thiago aconselha também que o estudante destaque, como conclusão em seu texto, que seria importante que houvesse uma mobilização mundial em torno do tema para amenizar essa crise.

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