Trabalho: conceitos importantes para o Enem e vestibulares
Escravidão e Revolução Industrial são alguns assuntos relacionados ao tema "trabalho" que todo vestibulando deve estudar antes das provas
Nesta quarta-feira, comemora-se o Dia do Trabalho, também conhecido como Dia do Trabalhador, em quase todo mundo. A data relembra uma greve histórica realizada em 1º de maio de 1886, nos Estados Unidos.
Milhares de trabalhadores foram às ruas de Chicago para reivindicar redução da jornada de trabalho e melhores condições de emprego. Ainda nesse mesmo dia, trabalhadores norte-americanos fizeram uma greve geral no país.
Mesmo com forte repressão policial, outros protestos foram realizados nos dias seguintes, mas resultaram na morte de alguns envolvidos e em dezenas de pessoas feridas. As manifestações, no entanto, surtiram efeitos mais tarde: em 1890, o Congresso norte-americano aprovou a redução da jornada de trabalho de 13 horas para 8 horas.
Depois desse episódio e até os dias atuais, as relações trabalhistas e os modos de produção sofreram frequentes transformações.
Como o tema “trabalho” é recorrente no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em vestibulares e pode aparecer de diferentes maneiras, a Revista Quero conversou com o professor de história do Curso Anglo Raphael Amaral e com o professor de história e autor do material do Sistema de Ensino pH, Rafael Cal, que elencaram 5 conceitos relacionados e importantes que você precisa saber para se dar bem nas provas. Ao fim da matéria, veja ainda questões que mostram como os assuntos caem no vestibular.
Escravidão
Tópico essencial para qualquer vestibulando, a escravidão pode ser cobrada com várias abordagens. O professor do Curso Anglo apontou duas delas: a escravidão na Antiguidade Clássica e a escravidão na América Colonial.
Na Antiguidade Clássica, tanto a democracia ateniense quanto o senado e o Império romanos eram sustentados pela escravidão.
“Para o vestibular, é preciso lembrar que o principal meio de obtenção dessa força de trabalho foi a expansão militar, demandando que essas sociedades dependessem de uma constante realização de guerras para poder manter suas atividades em funcionamento”, explicou.
Já em relação à América Colonial, a predominante forma de escravidão foi a mão de obra escravizada africana, embora populações indígenas também tenham sido escravizadas neste território. Segundo Amaral, acerca desse tema, a característica de maior incidência nas provas são as dinâmicas relacionadas à escravidão negra:
“Formas de exploração do trabalho, a justificativa religiosa sobre a escravidão, a economia movimentada pelo tráfico negreiro, assim como as articulações entre América, África e Europa a partir do comércio internacional de africanos escravizados”.
Outra abordagem destacada pelo professor do Sistema de Ensino pH é a escravidão no Brasil, indispensável para a compreensão do país e sua complexidade.
“As estruturas políticas, econômicas e sociais brasileiras, desde os tempos coloniais, estiveram assentadas no modelo escravocrata. Para os seus senhores, os escravizados eram propriedade, mão de obra e símbolo de poder. Ainda hoje, as práticas sociais relacionadas ao mundo do trabalho carregam influência disso, como a permanência do racismo estrutural e a desvalorização de determinadas atividades, a exemplo de trabalhos braçais”, disse Cal.
Atualmente, o país também enfrenta situações que atentam contra a dignidade e a liberdade do trabalhador, ao serem submetidos a condições análogas à escravidão, como longas jornadas de trabalho, baixa remuneração e sem proteção social. Segundo estimativa da organização não-governamental internacional Walk Free, o Brasil tem cerca de 150 mil pessoas nessas condições.
No Enem, nos últimos anos, apareceram questões sobre as práticas culturais dos escravizados, o movimento abolicionista e as relações escravistas. Além disso, no vestibular 2015 da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a proposta da redação foi “o legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil”.
Servidão na Idade Média
Com a formação do Feudalismo e a ruralização da sociedade ocidental, o principal modo de explorar a mão de obra dos camponeses foi por meio da servidão. O servo estava preso à sua condição servil, impedido de ascender socialmente, além de ser sujeitado a inúmeros impostos e obrigações perante o senhor feudal.
“É frequente em vestibulares que seja pedido alguns desses impostos, como a corveia, e o entendimento das justificativas religiosas que determinavam que a servidão sobre os camponeses era a forma como Deus concebeu a organização da sociedade feudal, dividida em ordens, cada qual com seu papel a desempenhar em Terra”, expôs Amaral.
Divisão Internacional do Trabalho
A Divisão Internacional do Trabalho (DIT) é a divisão das atividades produtivas e dos serviços entre os países do mundo. Como nenhuma das nações consegue ser totalmente independente e competitiva em todos os setores, elas se especializam em áreas que são mais fortes.
Genericamente, os países periféricos atuam na venda de matéria-prima para os desenvolvidos, que possuem capital e tecnologia para a produção mais sofisticada. Para diminuir os custos de produção, os países mais ricos ainda se aproveitam da mão de obra mais barata, isenções fiscais e legislação ambiental menos rígida nos países periféricos para instalar suas fábricas.
No vestibular, o tema pode ser exigido em questões da Idade Moderna, tratando das relações entre as metrópoles europeias e suas colônias americanas, e da Idade Contemporânea por conta das questões relacionadas com o Imperialismo europeu sobre a África e a Ásia.
“Sobre a DIT, os estudantes devem observar as trocas econômicas internacionais e o papel que cada região do mundo desempenha nessas redes globais, mas também como essas relações eram justificadas por diferentes aparatos ideológicos em cada época”, contou Amaral.
Revolução Industrial
Um dos assuntos mais tradicionais nas provas, de acordo com o professor do pH, a Revolução Industrial é o nome dado às transformações econômicas ocorridas na Inglaterra a partir das últimas décadas do século XVIII, com o uso sistemático das máquinas na produção de mercadorias, na mineração e na metalurgia.
As questões abordam frequentemente as modificações do trabalho a partir da consolidação da divisão de trabalho; a precarização das condições de trabalho; a estruturação de movimentos operários lutando para conquistar direitos trabalhistas; e a formação do fordismo.
“O estudante deve estar preparado para fazer as conexões entre a disciplina de História com a de Geografia para pensar a Revolução Industrial, principalmente discussões relacionadas à virada do século XX ao XXI, tais quais os impactos ambientais da industrialização, as dinâmicas da Quarta Revolução Industrial e a desregulamentação do trabalho a partir da consolidação do Neoliberalismo”, falou o especialista do Curso Anglo.
Luta dos trabalhadores e Leis Trabalhistas
Com a Revolução Industrial, a exploração dos trabalhadores se intensificou e sua organização também. “Desde os trade unions, os luditas, o movimento cartista do século XIX ou as grevistas russas de 1917, os trabalhadores e trabalhadoras têm buscado maneiras de resistência e articulação. No caso brasileiro, cabe destacar a Greve Geral de 1917, primeira da história do Brasil”, lembrou Cal.
O jeito como Getúlio Vargas lidou com o trabalho, especificamente nos centros urbanos, é outro conteúdo bastante incidente nos exames. Amaral afirmou que “a Consolidação das Leis Trabalhistas, assim como a formulação de inúmeros direitos trabalhistas, fizeram com que os trabalhadores urbanos mantivessem uma memória profundamente positiva sobre Vargas”.
Os vestibulandos precisam compreender, inclusive, que a atual desregulamentação das leis trabalhistas, a precarização do trabalho e a perda de direitos por meio da atual Reforma Trabalhista no Brasil acompanham mudanças vinculadas à consolidação global do Neoliberalismo.
Conforme Amaral, enquanto internacionalmente isso ocorre por meio da ruptura com o Estado de Bem-Estar Social, no Brasil consiste precisamente no desmonte do modelo de organização do Estado de origem varguista.
Além disso, considerando que as provas buscam uma reflexão sobre questões do presente à luz da História, o professor do pH indicou ficar de olho nas possíveis relações do tema com o projeto de alteração da Previdência em tramitação.
Leia mais: Reforma da Previdência: Como pode cair no Enem e outros vestibulares?
Como cai na prova
Para fixar o conteúdo, a Revista Quero separou algumas questões de vestibulares com os temas citados acima. Veja se você saberia responder:
- Fuvest – 2016
- PUC-Campinas – 2018
- Mackenzie – 2019
- Enem – 2010 – 1ª aplicação
Gabarito
1 – C
2 – A
3 – A
4 – D
Manual do Enem
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Boa sorte nos estudos!
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