Índice
Introdução
A literatura marginal é um movimento que rompe com os padrões da tradição literária ao dar voz a autores de fora do circuito editorial tradicional. Surgida em contextos de repressão e exclusão social, essa produção artística representa uma forma potente de resistência, denúncia e afirmação de identidade.
Ao retratar o cotidiano das periferias, das ruas e dos grupos marginalizados, a literatura marginal tem se consolidado como um importante objeto de estudo para estudantes do Enem, especialmente nas áreas de Literatura, Sociologia e Redação.
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Como surgiu a literatura marginal?
A origem da literatura marginal pode ser dividida em duas fases. A primeira surgiu durante a década de 1970, em plena ditadura militar, com a chamada poesia marginal. Jovens poetas passaram a publicar seus textos de forma independente, por meio de mimeógrafos, fanzines e edições artesanais. Esse tipo de produção reagia à censura institucional, ao elitismo da literatura acadêmica e à exclusão de vozes alternativas no mercado editorial.
Nomes como Cacaso, Ana Cristina Cesar e Torquato Neto se destacaram nesse período. Suas obras tinham tom pessoal, urbano, crítico e, muitas vezes, incorporavam elementos da música popular e do cotidiano das grandes cidades. A proposta da poesia marginal era romper com a norma culta e acadêmica, valorizando a linguagem direta e a subjetividade.
A segunda fase, que ganha força a partir dos anos 2000, é marcada pela ascensão da literatura periférica. Autores das periferias urbanas brasileiras, especialmente da região metropolitana de São Paulo, começaram a publicar livros de forma independente e a formar coletivos culturais.
Diferentemente da poesia marginal dos anos 1970, essa nova geração está fortemente engajada com as questões sociais, denunciando racismo, pobreza, violência e desigualdade, e se apoiando em saraus, slams e redes sociais para difundir seus trabalhos.

Características da literatura marginal
Entre as principais características da literatura marginal, estão:
- Linguagem coloquial e acessível: que se aproxima da fala cotidiana e rejeita formalismos literários;
- Temas sociais: como violência urbana, racismo, desigualdade, criminalização da pobreza e exclusão educacional;
- Autoria periférica: com escritores oriundos de comunidades marginalizadas;
- Crítica social explícita: frequentemente em tom de denúncia e resistência;
- Produção independente: fora das grandes editoras, com forte atuação em coletivos, saraus e internet;
- Estética urbana: influenciada por elementos da cultura de rua como o rap, o grafite e o slam.
A proposta da literatura marginal não é apenas estética, mas também política e social. Trata-se de uma forma de afirmar identidades e resistir às estruturas de silenciamento impostas historicamente a determinados grupos.
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Principais autores da literatura marginal
A produção marginal conta com representantes de diferentes gerações. Abaixo, destacamos nomes importantes em dois períodos distintos.
Década de 1970 – Poesia marginal:
- Torquato Neto: poeta e letrista do movimento Tropicália, escreveu com lirismo e crítica existencial
- Cacaso: combinava humor, ironia e crítica social em seus poemas, muitas vezes publicados em edições mimeografadas
- Ana Cristina Cesar: influente na chamada “geração mimeógrafo”, abordava temas como intimidade, escrita e corpo feminino
Anos 2000 em diante – Literatura periférica:
- Ferréz, autor de Capão Pecado, é um dos maiores expoentes do movimento na periferia de São Paulo
- Sérgio Vaz, criador do Sarau da Cooperifa, é poeta e articulador cultural
- Alessandro Buzo, autor de O trem – Baseado em histórias reais, é ativista, escritor e cineasta
- Carolina Maria de Jesus, embora anterior ao movimento, é considerada uma precursora por ter retratado com intensidade e realismo a vida na favela
Ferréz e a voz da periferia
Ferréz, nome artístico de Reginaldo Ferreira da Silva, é escritor, rapper e empreendedor social. Morador do Capão Redondo (SP), começou sua trajetória publicando livros de forma independente.
Sua obra mais conhecida, Capão Pecado (2000), retrata o cotidiano de jovens da periferia, abordando violência, drogas, amizade e resistência. Ferréz defende que a literatura deve ser uma ferramenta de transformação social, e atua fortemente em projetos de incentivo à leitura nas comunidades.
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Carolina Maria de Jesus e o diário da exclusão
Nascida em 1914, Carolina Maria de Jesus ganhou notoriedade com Quarto de Despejo: Diário de uma favelada (1960), uma obra baseada em seus diários escritos enquanto morava na favela do Canindé, em São Paulo.
A escrita direta e impactante expõe a fome, a miséria e a exclusão vividas diariamente por ela e por tantos outros. Embora não tenha sido incluída na primeira geração de escritores marginais, sua obra é frequentemente citada como referência e inspiração para a literatura periférica atual.
A literatura marginal nas escolas e no Enem
Nos últimos anos, a literatura marginal tem conquistado espaço nos currículos escolares e nas provas do Enem. Seu valor vai além do aspecto literário: trata-se de uma ferramenta de leitura crítica da realidade. O movimento frequentemente aparece em questões de Literatura, Sociologia e Redação, sobretudo nos temas ligados à desigualdade social, exclusão e diversidade cultural.
Para estudantes que se preparam para o exame, conhecer os autores e a proposta da literatura marginal é essencial. Além de compreender o papel da arte como forma de resistência, o repertório pode ser útil para compor argumentos em dissertações do tipo dissertativo-argumentativo.
Literatura marginal e cultura popular
A literatura marginal dialoga intensamente com outras formas de expressão da cultura popular, como:
- Rap: as letras das músicas compartilham a crítica social e a denúncia da desigualdade
- Slam: batalhas de poesia falada, realizadas em espaços públicos, com forte presença de jovens autores periféricos
- Grafite: arte visual urbana que também expressa resistência e identidade cultural
- Sarau: eventos coletivos que reúnem poesia, música e performance, sendo um dos principais canais de divulgação da literatura periférica
Essas manifestações reforçam o caráter coletivo, oral e ativista da produção marginal, tornando-a viva, dinâmica e engajada com seu público.
Por que estudar literatura marginal?
Estudar literatura marginal é fundamental para compreender a diversidade da produção cultural brasileira e os conflitos sociais que marcam nosso país. Para além do conteúdo literário, o movimento representa vozes que lutam por reconhecimento, espaço e direitos.
No Enem, esse tema pode aparecer em questões interdisciplinares e como repertório sociocultural em redações. Por isso, vale a pena se aprofundar e incluir essa leitura no seu plano de estudos.
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