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Quais as diferenças entre doenças causadas por vírus e bactérias?

Entenda mais sobre esses microorganismos, suas doenças, formas de combate e prevenção

Este ano, um novo vírus tem assustado pessoas do mundo todo. O covid-19, conhecido como coronavírus, já foi declarado uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). As pandemias são doenças transmissíveis que se espalham por vários países e continentes. 

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doenças causadas por vírus e bactérias
Paciente é transportado no hospital em Teerã, infectado com o Coronavírus (Reprodução/Twitter)

Desde os tempos antigos, a humanidade lida com epidemias que matam milhões de pessoas, como a peste negra e gripe espanhola, duas das pandemias mais letais da história.

Entretanto, há uma diferença fundamental entre essas duas epidemias: a gripe espanhola foi causada por um vírus e a peste negra, por uma bactéria. Ambos, os vírus e as bactérias, são microorganismos, ou seja, visíveis somente pelo microscópio, mas as semelhanças acabam por aí.

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Quais as diferenças entre vírus e bactérias?

Os dois organismos já se diferem por sua estrutura. As bactérias são organismos procariontes, ou seja, organismos datados como os mais primitivos do planeta, sem material genético envolto por uma membrana nuclear e, geralmente, unicelulares. Elas estão presentes em praticamente todos os ecossistemas.

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Representação da estrutura de uma bactéria

[Sua estrutura] dá a ela bastante agilidade do ponto de vista funcional, porque tudo acontece nessa pequeníssima célula. Ela consegue produzir suas proteínas que depois serão utilizadas como mecanismo de invasão celular nas células hospedeiras, inclusive no nosso organismo”, explica o professor de Biologia, Guilherme Goulart, do canal do Youtube Biologia Profº Guilherme.

Já os vírus são seres acelulares e tem uma organização bem menos complexa que a de outros seres celulares. Portanto, os vírus não tem organelas, citoplasma, membranas e outras estruturas mais especializadas. “Ele é um material genético, com pouquíssimos genes, e envolto numa cápsula proteica”, completa Guilherme.

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Coronavírus visto por telescópio (Wikimedia Commons)

As diferenças nas estruturas muda totalmente a forma de agir desses microorganismos. A bactéria é uma célula que funciona de maneira autônoma e livre. Se engana quem pensa que elas só causam doenças, elas exercem muitas funções importantes como decompositoras na natureza e dentro do nosso corpo.

Em contrapartida, por sua estrutura simplificada, o vírus só conseguem se multiplicar e sobreviver, dentro de uma célula hospedeira. Portanto, todos os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios.

Doenças virais e bacterianas

Os vírus, bactérias e outros microorganismos, como fungos e protozoários, podem ser causadores de diversos tipos de doenças. “Todas as doenças causadas por microorganismos vem da relação evolutiva que os microorganismos têm com as células hospedeiras”, pontua Guilherme. 

Isso significa que, conforme a humanidade evoluiu, os vírus e bactérias encontraram um ambiente propício para também evoluírem, se tornando mais fortes ou transmissíveis entre animais e humanos, e se espalharem mais rápido pela sociedade cada vez mais populosa.

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Representação da Peste Negra (Wikimedia Commons)

O professor Guilherme explica que determinados tipos de microorganismos só conseguem se reproduzir em tipos específicos de células. Por isso, cada vírus e bactéria causa um determinado tipo de doença.

“O HIV, por exemplo, é o vírus da imunodeficiência adquirida. Ele só consegue se reproduzir dentro do glóbulo branco linfócito T. Existem bactérias que também têm essa característica, só conseguem se reproduzir, por exemplo, em células pulmonares, como é o caso de bactérias causadoras de pneumonia ou a tuberculose”, exemplifica.

Em alguns casos, os vírus e as bactérias causam o mesmo tipo de doença, como a pneumonia e a meningite. Isso porque essas doenças são quadros clínicos de infecção ou inflamação nos pulmões e nas meninges (membranas que protegem o sistema nervoso central).

“Quando a infecção nas meninges ocorre por um vírus, é uma meningite viral; se for uma infecção causada por uma bactéria, então se tem uma meningite bacteriana, que normalmente é muito mais agressiva que a viral. Ainda podemos ter a meningite por um ordem fúngica ou até por vermes”, esclarece Guilherme.

Antivirais e antibióticos

Existem duas formas de combate às doenças bacterianas e virais: a preventiva e a remediativa. Quando a pessoa já está contaminada e manifestando a doença, é feito o uso de remédios antivirais, no caso do vírus, ou antibióticos, para as bactérias. Esses medicamentos degradam os microorganismos, impedindo sua reprodução e causando sua morte. 

Antes do surgimento dos antibióticos, simples infecções bacterianas causavam a morte de milhares de pessoas. Somente em 1928 que o cientista Alexander Fleming descobriu, por engano, a Penicilina, um antibiótico utilizado no tratamento de doenças bacterianas até hoje. 

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Alexander Fleming, o descobridor da penicilina (Calibuon at English Wikibooks/Wikimedia Commons)

Entretanto, os antibióticos e antivirais não foram capazes de extinguir essas doenças. Por conta da evolução dos microorganismos, com o passar do tempo, os vírus e bactérias se tornam cada vez mais resistentes às variações de medicamentos existentes. Por isso, os cientistas precisam sempre criar novos remédios e os médicos não recomendam a automedicação por parte dos pacientes.

Prevenção

A melhor forma de evitar doenças virais e bacterianas é a prevenção, principalmente pelo uso de vacinas. Além de importante, a imunização também é uma das temáticas mais cobradas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

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A imunização estimula o organismo a produzir anticorpos, proteínas que formam um sistema de defesa no organismo contra invasores que podem fazer mal à saúde. Ela pode acontecer ativa ou passiva e de ordem natural ou artificial

“A imunização passiva é quando recebemos anticorpos prontos, ela tem caráter remediativo temporário”, pontua Guilherme. A imunização passiva natural acontece quando a mãe passa anticorpos para seu filho pela placenta ou leite materno, por exemplo. 

Quando alguém é picado por uma cobra, aranha, escorpião, se corta com um objeto enferrujado ou é mordido por um animal com raiva se recorre à imunização passiva artificial por meio dos soros antiofídico, antiescorpiônico, antiaracnídeo, antirrábico, antiaracnídeo ou antitetânico etc. 

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Coleta de veneno para preparo do soro (Barry Rogge/Wikipedia Commons)

“O soro é uma injeção com grandes quantidades de anticorpos prontos que servem para situações emergenciais e tem caráter temporário. Eles atacam os invasores de maneira imediata, antes que eles causem um dano maior, sequelas irreversíveis ou até a morte”, explica.  

Já a imunização ativa resulta do contato do corpo com os vírus ou bactérias. Ao ficar doente, o sistema imunológico se ativa e o organismo produz seus próprios anticorpos, é a chamada imunização ativa natural.

As vacinas são uma forma de imunização ativa artificial e muito eficazes. A OMS estima que elas previnem por ano quase 6 milhões de mortes no mundo. No Brasil, por exemplo, a poliomielite é considerada erradicada pela vacinação desde 1990. 

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Campanha Nacional de Vacinação do Governo Federal de 2019 (Reprodução/Ministério da Saúde)

As vacinas nada mais são do que o agente causador da doença ou fragmentos dele introduzido no organismo de maneira atenuada. A dose de vírus ou bactérias presente na vacina não causa a doença, mas é o suficiente para ativar o sistema imunológico, atacar o agente estranho e criar memória imunitária. “Essa memória imunitária é importante caso ocorra uma invasão de verdade, pois o corpo rapidamente saberá como atacá-la sem deixar manifestar os sintomas”, conclui o professor.

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