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Vestibular e Enem

Atualidades Enem: Intolerância

por Giovana Murça em 15/06/20

O conceito de intolerância já foi tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2016, com a proposta “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. 

Não era a primeira vez que o assunto permeava os temas de redação do Enem. Em anos anteriores, a prova abordou temas como “O desafio de se conviver com a diferença” (2007) e “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI” (2012).

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Mulheres protestam contra a intolerância e exigem o respeito ao estado laico em Brasília (Davi de Castro/EBC na Rede)

Por se relacionar com vários assuntos, o debate sobre tolerância e intolerância está constantemente em discussão. Nesta matéria, você fica por dentro sobre o tema e como ele pode ser abordado no Enem. Confira!

O que é tolerância e intolerância?

A palavra tolerância vem do latim tolerare e significa “aceitar” ou “suportar”. A tolerância, portanto, é a capacidade de aceitar o outro como ele é, respeitando seu modo de ser, pensar e agir

Já a intolerância, é o oposto; é a ação de não aceitar o diferente. “Intolerância se caracteriza por qualquer opressão a livre iniciativa do indivíduo, tanto em relação econômica, social, religiosa, política ou de pensamento”, explica o professor de Filosofia e Sociologia e Coordenador do ProEnem Leandro Vieira.

A tolerância é fundamental para que se viva em uma sociedade diversa, democrática e livre. Muitas vezes, as expressões de intolerância levam ao preconceito, discriminação e violência.

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Ato contra a LGBTfobia e criminalização da homofobia no Rio de Janeiro (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A intolerância também pode carregar outros nomes, de acordo com o grupo a qual ela é direcionada. A intolerância com pessoas negras, por exemplo, se configura como racismo; a intolerância com pessoas LBGT é chamada de homofobia ou LGBTfobia; a intolerância motivada por gênero é designada sexismo, e por aí vai. 

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A tolerância como um direito

A ideia de tolerância surgiu no contexto do Iluminismo no século XVII e foi teorizada pelo filósofo inglês John Locke. Como forma de acabar com as guerras religiosas, em uma carta, Locke propôs a separação do Estado e da Igreja, uma vez que cada instituição tem seu propósito e caráter.

Durante a Revolução Inglesa, essas e outras ideias iluministas influenciaram o Parlamento Inglês a aprovar propostas como o Ato da Tolerância, que estabelecia a liberdade religiosa (exceto a católicos).

As declarações iluministas das revoluções Gloriosa e Francesa, por sua vez, inspiraram a  Declaração Universal dos Direitos Humanos, publicada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU).

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Eleanor Roosevelt exibe a edição em espanhol do Jornal das Nações Unidas contendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1949 (Wikimedia Commons)

O documento estabelece os direitos fundamentais a todo os seres humanos independente da cor, origem, orientação sexual, religião, gênero ou inclinação política. A declaração serve como base contra a desigualdade humana, contra formas de calar violentamente expressões e manifestações culturais, sociais e políticas.

As origens da intolerância

A intolerância não é uma novidade do mundo moderno, ela existe há milênios. Um exemplo da Antiguidade é o Império Romano, no qual os romanos se sentiam superiores e subjugavam vários povos de diferentes culturas e etnias ao seu domínio. O próprio termo latim imperium significa poder e autoridade.

A intolerância ao diferente também marcou a Idade Média, quando haviam perseguições e opressões vindas da Igreja Católica e monarquias absolutistas. Na Idade Moderna, ela se expressou pela colonização na América, quando milhares de indígenas foram dizimados e africanos foram feitos de escravos.

No contexto brasileiro, o professor Leandro destaca a intolerância religiosa, observada em diversos momentos da história brasileira, principalmente contra religiões de matriz africana, e as intolerâncias a livre expressão, como no Brasil Império, Estado Novo e no Regime Militar.

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O terreiro de candomblé Axé Oyá Bagan, no Distrito Federal, foi destruído por um incêndio criminoso (Toninho Tavares/Agência Brasília)

Hoje em dia, as manifestação da intolerância e de discursos de ódio também aparecem nas redes sociais, Não são raros os ataques motivados por divergências políticas, racismo, LGBTfobia, discriminação com pessoas nordestinas e tantos outros.

O cúmulo da intolerância

Uma das maiores representações da gravidade da intolerância na história recente é o Holocausto, o genocídio de milhões de judeus, ciganos, comunistas, homossexuais, negros, feministas, pessoas com deficiência, entre outros grupos minoritários, pelo governo nazista de Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial.

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Judeus esperam triagem em Auschwitz. Quase todos saíam dali para as câmaras de gás. (Wikimedia Commons)

O Nazismo e outros governos totalitários pregavam violência, opressão às liberdades individuais e políticas, xenofobia, racismo e intolerância religiosa. Até hoje, ainda existem manifestações de grupos com os ideias nazistas (os chamados neonazistas). 

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Uma das explicações dos especialistas para o fortalecimento desses grupos na atualidade são as crises políticas e econômicas. Em geral, se buscam culpados pelos problemas do país e culpa recai sobre o diferente, sejam opositores políticos, imigrantes ou pessoas de outras culturas.

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Paradoxo da Intolerância

Muitas vezes, essas manifestações defendidas com base na liberdade de expressão. Mas, em sua teoria “Paradoxo da Tolerância”, de 1945, o filósofo austríaco Karl Popper defende que é necessário suprimir as expressões intolerantes que não possam ser combatidas com argumentos racionais.

O filósofo aponta que a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância, pois os indivíduos tolerantes e a tolerância serão destruídos pelos intolerantes. Portanto, mesmo sendo um paradoxo, Popper defende que a sociedade tolerante deve ser intolerante com os intolerantes. 

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Os números da intolerância

De acordo com o Mapa do Ódio de 2019, um levantamento feito pela ONG Words Heal the World, em 2018, foram registrados 12.098 crimes de ódio no Brasil. A organização também mapeou a motivação desses crimes:

  • 70,47% - crimes de ódio motivados por preconceito racial;

  • 17,9% - crimes de ódio motivados por preconceito com relação à orientação sexual (majoritariamente pessoas LGBT);

  • 9,43% - crimes de ódio motivados por preconceito de gênero (majoritariamente mulheres; feminicídio)

  • 1,82% - crimes de ódio motivados por preconceito religioso;

  • 0,39% - crimes de ódio à origem.

Como o tema pode cair no Enem?

A intolerância pode aparecer no vestibular de diversas formas. O professor Leandro cita a opressão do regime nazista e fascista, a escravidão no Brasil, a intolerância religiosa contra a umbanda e candomblé, as desigualdades de gênero, o controle da imprensa e a intolerância às orientações sexuais.

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(Reprodução/blog Religiões Afro Brasileiras e Política)

A respeito da redação do Enem, o professor de Redação e Português, também do ProEnem, Rômulo Bolivar, não tem expectativas de que o tema abordado seja intolerância, justamente pela polêmica em torno do assunto.

Mas, ele alerta: “Apesar disso, os alunos devem estar preparados para o tema. É importante estarem atentos ao percurso que a preocupação com direitos coletivos e individuais faz, desde as aspirações iluministas dos séculos XVII e XVIII, passando pelo fomento à Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela promulgação da Constituição Federal, de 1988, até às mais recentes metas de sustentabilidade da ONU para 2030”. 

Rômulo ainda destaca que a intolerância tem relação direta com o desrespeito aos direitos humanos, o que implica anulação da proposta de intervenção e a perda de 200 pontos na nota da redação.

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