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Iluminismo: ideias, origem, pensadores e resumo

História Geral - Manual do Enem
Otávio Spinace Publicado por Otávio Spinace
 -  Última atualização: 25/4/2024

Introdução

O Iluminismo foi um movimento filosófico e intelectual, com grandes implicações políticas, sociais e econômicas, que vigorou na Europa durante a Idade Moderna, mas cujo auge se deu no século XVIII, também conhecido como o “Século das Luzes”.

Esta referência procura identificar a razão – centro do pensamento iluminista – como uma luz capaz de iluminar o conhecimento dos homens sobre o mundo. Foi um movimento bastante heterogêneo, com manifestações em diversos países da Europa, em especial França e Inglaterra, e até em colônias da América.

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Por possuir especificidades em suas diversas manifestações, é melhor classificado como um movimento, representado por um conjunto de ideias, do que como uma escola de pensamento filosófico.

Durante o período de ascensão do Iluminismo, a Europa vivia sob o Antigo Regime, também chamado de regime absolutista, em que os poderes eram concentrados na figura do rei, considerado um representante de Deus entre os homens.

O poder real era reconhecido e amparado pela Igreja Católica a partir da Teoria do Direito Divino dos reis, que estabelecia que o rei era escolhido por Deus. O tipo de organização social derivada possuía características ainda feudais, pois dividia a sociedade em estamentos, posições determinadas pelo nascimento que impediam a mobilidade social.

Em contraponto ao mundo do Antigo Regime, os iluministas defendiam que as leis que governavam a sociedade deveriam ser fruto da reflexão baseada na racionalidade, e não em dogmas religiosos. Desse modo, acabaram por fornecer uma importante fundamentação que seria utilizada pela burguesia, em diversos países, para questionar o absolutismo

Por valorizar o uso da razão, o livre-pensamento e o conhecimento científico, alguns historiadores identificam o Iluminismo como um movimento herdeiro do Renascimento, que ocorreu na Europa nos séculos XV e XVI, e da Revolução Científica dos séculos XVI a XVIII, cujos principais expoentes foram René Descartes e Isaac Newton.

O Iluminismo também foi crítico do mercantilismo, política econômica que vigorava na maioria das monarquias absolutas e que enfatizava o controle e o protecionismo do Estado sobre a economia. Desse modo, os filósofos iluministas também inspiraram pensadores liberais que surgiriam principalmente no século XVIII, como Adam Smith.

Índice

O que é o Iluminismo?    

iluminismo, também chamado de Ilustração, é um movimento científicofilosófico e cultural em que os filósofos e pensadores retomam ideias e valores discutidos durante o período do Renascimento Cultural e Científico. O pensamento iluminista tomou conta  da Europa entre os séculos XVII XVIII tendo seu ápice de ideias e autores acontecendo no decorrer do século XVIII.

O pensamento iluminista desenvolveu-se de maneira mais aprofundada na França, país de origem de diversos pensadores. No entanto, embora a corrente francesa seja a mais conhecida e tenha espalhado suas ideias para diversos pontos do mundo, outros países como Estados UnidosInglaterraIrlanda Holanda também tiveram seus filósofos e pensadores iluministas. 

O iluminismo tem algumas características que o tornam um movimento inspirador de importantes acontecimentos do século XVIII, entre eles estão a Independência dos Estados Unidos, de 1776 e a Revolução Francesa de 1789. 

Principais ideias e características do Iluminismo

Dentre as principais características do movimento cabe destacar as citadas abaixo:

  • Caráter Burguês;
  • Anticlerical;
  • Racionalidade;
  • Anti absolutista;
  • Liberdade Econômica;
  • Liberdade Política;
  • Liberdade Religiosa;
  • Igualdade Perante a Lei;
  • Valorização da Ciência;
  • Desenvolvimento e uso do método científico.

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Como surgiu o Iluminismo?    

O iluminismo surgiu na Europa na passagem do século XVII para o XVIII. Nesse momento, o velho continente passava por um momento de questionamento dos poderes absolutistas e a participação e poder da igreja nas decisões políticassociais e econômicas.

A sociedade também passava por mudanças com o fortalecimento e crescimento da camada burguesa, que cada vez mais, queria fazer parte da vida política e das decisões econômicas de seus países. De maneira geral, o movimento surge como reação aos governos absolutistas e ao poder e domínio da igreja católica.

O uso da razão e a retomada de ideias renascentistas garantiu a burguesia elementos suficientes para que pudessem propor a alteração dos modelos políticos e econômicos. A camada burguesa propôs o liberalismo político e econômico, as monarquias constitucionais, a divisão dos poderes políticos, a possibilidade de escolha a partir do voto , a defesa das liberdades, do direito e o desenvolvimento e avanço da ciência.  

Contexto do surgimento do Iluminismo     

O crescimento e fortalecimento das camadas burguesas foi uma importante marca para o desenvolvimento dos ideais iluministas. As camadas populares, dentre elas a burguesia, estava insatisfeita com a crescente cobrança de impostos, utilizados para manter os luxos da nobreza, do clero e do rei.

Os burgueses, não tinham nenhuma participação política, uma vez que todas as decisões eram centralizadas nas mãos dos reis, mas trabalhavam para manter os gastos de uma elite que não exercia nenhum tipo de trabalho e também não pagava impostos.

Junto com a insatisfação pelo pagamento de impostos, estavam também as insatisfações pelo domínio da igreja católica tanto em relação a decisões políticas e econômicas quanto a decisões que impactavam diretamente as práticas sociais e culturais da população.

Embora tivessem posições contrárias à igreja, muitos dos pensadores eram católicos e propunham que deveria haver separação entre Estado e Igreja, ou seja, a instituição de um Estado Laico, as decisões governamentais não deveriam sofrer nenhum tipo de influência religiosa. Os filósofos iluministas também defendiam que os indivíduos deveriam chegar a Deus fazendo uso da razão.

Os iluministas, de modo geral, defendiam que a educação e a ciência, junto com a racionalidade seriam os melhores meios de consolidar a liberdade política e religiosa, bem como de propor modelos políticos, sociais e econômicos que fossem capazes de garantir a participação da burguesia nas decisões e não somente no pagamento de impostos.

No âmbito econômico, as decisões tomadas pelo rei absolutista, não necessariamente atendem às demandas dos camponeses ou dos comerciantes. O Estado controlava os preços de modo que os mais favorecidos fossem sempre as elites.  

O modelo de liberalismo econômico proposto pelos pensadores iluministas era anti mercantilista, não intervencionista e não protecionista e defendia a existência de concorrência para a movimentação do mercado, tais práticas favoreciam os comerciantes e agricultores ao invés das elites.

Os primeiros pensadores do Iluminismo

Não há um único nome que possa reivindicar a fundação do iluminismo, uma vez que pensadores desenvolveram ideias em diversos campos. Alguns se dedicaram somente à economia, outros voltaram suas atenções para a ciência e há ainda aqueles que dedicaram seus estudos e teorias à vida política.

Embora não exista um único pensador que tenha fundado o movimento, quatro nomes merecem destaque pela participação que tiveram na construção dos ideais iluministas. São John Locke e René DescartesFrancis Bacon e Isaac Newton.

John Locke

O inglês John Locke (1632-1704), teceu duras críticas a Teoria do Direito Divino dos Reis, em que a igreja garantia aos súditos que o rei era um escolhido de Deus, por isso, ele deveria concentrar em suas mãos todos os poderes e os governados deveriam obedecê-lo sem questionamentos. Locke propõe o modelo da monarquia parlamentar e afirma que os governantes devem, obrigatoriamente, respeitar os direitos naturais de seus súditos.

René Descartes

René Descartes, francês que viveu entre 1596 e 1650, é considerado o pai do racionalismo moderno.  Em sua obra O Discurso do Método, Descartes aponta que a melhor maneira de encontrar a verdade é a partir da dúvida sistemática, a dúvida seria o elemento necessário e fundamental  para encontrar todas as respostas. Descartes afirma que a melhor maneira de acabar com as dúvidas  é através da racionalidade e comprovação científica.

Francis Bacon

Francis Bacon, pensador inglês que viveu entre 1561 e 1626, é o principal nome da  Revolução Científica já que foi o responsável pela pela criação da experimentação científica que deve ser utilizada para que, através da prática e sistemática experimentação, se chegue a uma conclusão válida.

Isaac Newton

O também inglês Isaac Newton (1642-1727), considerado o quarto precursor das ideias iluministas, determinou que os fenômenos naturais são regidos por leis naturais, considerado pai da física moderna, Isaac Newton criou a lei da gravidade, que permitiu o aprimoramento dos estudos da física usando a racionalidade como elemento primordial.

Retrato de Isaac Newton                                                   

Os principais pensadores do Iluminismo     

Muitos nomes merecem destaque no desenvolvimento do pensamento iluminista e cada um deles dedicou seus pensamentos e a construção de suas teorias a uma área específica. Embora as ideias sejam diferentes, foram todas produzidas no mesmo contexto socioeconômico e cultural.

Por isso, todos eles apresentam ideias anti-absolutistas, anti-mercantilistasanti-clericais e que prezam pela liberdade e racionalidade. Alguns nomes serão citados com mais detalhes abaixo.

Voltaire    

François-Marie Arouet, conhecido pelo pseudônimo de Voltaire, nasceu na França em 1694 e faleceu no mesmo país em 1778. Voltaire foi um exímio defensor das liberdades, incluindo a de expressão, religiosa, do progresso e da tolerância.  Afirmava que a história era responsável por conduzir a sociedade para melhores situações. Contrário ao absolutismo, Voltaire propôs a monarquia parlamentar e a separação total entre Estado e igreja, foi portanto, um dos primeiros defensores do Estado laico.

Montesquieu    

Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu, conhecido como Montesquieu, foi um político, filósofo e escritor francês que viveu entre 1689 e 1755.

Montesquieu era contrário ao poder centralizado na figura do rei, por esse motivo, propôs a divisão dos três poderes: legislativo, executivo e judiciário, o rei ou governante, só seria o responsável pelo poder executivo. A divisão proposta por Montesquieu dificultava a centralização das decisões e facilitava a fiscalização tanto dos poderes quanto das ações.

Montesquieu também defendia o afastamento da igreja de decisões políticas, o abandono das tradições medievais, o respeito à liberdade,à vida, ao direito político dos cidadãos e a proteção das camadas mais fracas pelas mais fortes. 

Estátua de Montesquieu. Paris, França.

John Locke

Inglês, que viveu entre 1632 e 1704, Locke critica a Teoria do Direito Divino dos Reis, defendida por Hobbes e propõe a monarquia parlamentar como a melhor forma de governo, uma vez que afirma que para que se exerça poder político é necessário haver consentimento dos governados. Locke também é favorável à  liberdade intelectual e à tolerância. 

É também do inglês a teoria que afirma que a existência dos indivíduos é anterior ao surgimento da sociedade e do Estado, homens viviam originalmente num estágio pré-social e pré-político, caracterizado pela  liberdade e igualdade, tal estado recebe o nome de  estado de natureza.

Denis Diderot    

Denis Diderot (1713-1784), filósofo e escritor francês, juntamente com Jean D´Alembert foi responsável pela organização dos 36 livros que compunham a Enciclopédia, que tinha a ideia de reunir em um só conjunto de livros, o conhecimento humano das mais diversas áreas do saber.

Dentre suas principais ideias, Diderot defende que a humanidade deve se guiar pela razão e a filosofia deve ser utilizada para desvendar a verdade e construir conhecimento sólido. Denis Diderot cria também um modelo metodológico que leva em consideração o materialismo científico.

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A Enciclopédia

Uma das principais representações do Iluminismo é a Enciclopédia (Encyclopédie), obra organizada pelos franceses Denis Diderot e Jean le Rond D’Alembert, publicada pela primeira vez em 1751.

Denis Diderot

O objetivo de seus idealizadores era reunir todo o conhecimento humano em suas mais diversas áreas, sob uma perspectiva que fizesse uso da racionalidade e da ciência, em detrimento dos dogmas religiosos que fundamentavam o conhecimento desde a Idade Média. Para isso, foram reunidos escritos de alguns dos principais filósofos, cientistas e estudiosos da época, em um conjunto que totalizava 36 livros.

Além da busca por uma verdade única e universal, a Enciclopédia também é essencial para compreender outra ambição dos iluministas: a preocupação em difundir seus conhecimentos e formar a opinião pública a partir de sua visão de mundo.

O despotismo esclarecido

Embora o Iluminismo seja marcado pela crítica ao Antigo Regime e ao absolutismo, alguns pensadores iluministas continuaram a defender a existência de regimes monárquicos para a implantação de reformas que estivessem de acordo com seus ideais.

Os reis e imperadores que aceitaram adotar algumas dessas reformas, ou até mesmo tiveram pensadores iluministas como conselheiros, ficaram conhecidos como “déspotas esclarecidos”, ou seja, senhores absolutos dotados do saber.

Nos Estados em que vigorou o despotismo esclarecido, foi aceito algum nível de tolerância religiosa, bem como foi reduzida a perseguição a filósofos e cientistas alinhados com ideias iluministas. Reformas educacionais também foram implementadas.

Porém, mesmo com essas mudanças, os monarcas não deixaram de ocupar um lugar central na vida política de seus países, mantendo, ainda, grandes poderes. Alguns exemplos de déspotas esclarecidos são:

  • Pedro, o Grande, czar da Rússia;
  • Frederico II, rei da Prússia;
  • Carlos III, rei da Espanha;
  • o Marquês de Pombal, que ocupou o cargo de primeiro-ministro de Portugal durante o reinado de José I.

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Resumo sobre o Iluminismo

O movimento iluminista surgiu em um contexto de crescimento e fortalecimento dos ideais burgueses questionamento do poder absolutista e da influência da igreja sobre as decisões políticas e econômicas.

Influenciados pelas ideias renascentistas e o uso da racionalidade, houve entre os séculos XVII e XVIII, o desenvolvimento de ideias que propuseram alterações sociais, políticas e econômicas e acabaram influenciando dos grandes acontecimentos históricos: A Independência dos Estados Unidos, de 1776 e a Revolução Francesa de 1789.

Embora tenham se dedicado a diferentes áreas de interesse, como a política, a economia e a ciência, os pensadores iluministas sempre defenderam o uso da racionalidade e da ciência e intensificaram o combate às ideias centralizadoras e o poder católico. O movimento iluminista ainda hoje deixa seus legados na forma como as sociedades pensam e se organizam.

Por exemplo, muitos dos países do mundo adotam a divisão dos três poderes proposta por Montesquieu como forma de garantir a não centralização do poder. A racionalidade, a metodologia e a comprovação científica ainda estão presentes na maneira como a sociedade atual produz ciência. O iluminismo está, portanto,  bem  próximo dos nossos atos, ações e estruturas governamentais e sociais.

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Exercício de fixação
Passo 1 de 3
ENEM/2013

Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionada pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.

CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientiae Studia, São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).

Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em:

A expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.
B oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
C ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.
D explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
E explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.
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