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Redação do Enem: como conseguir a nota máxima na competência 1?

Precisa de ajuda na redação do Enem? Veja como conseguir 200 pontos na competência 1, segundo o Inep

Algo que causa muita tensão entre os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a redação. 

Afinal, essa parte específica da prova equivale a 20% da nota final, algo que pode fazer uma grande diferença para aqueles que pretendem utilizar o resultado em um dos programas do governo ou como nota parcial de outro vestibular. 

A Revista Quero já publicou o Guia de Redação do Enem, com tudo o que você precisa saber para garantir uma boa nota (clique e acesse ao guia gratuito).

Porém, em 2020, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio de Teixeira (Inep) publicou um novo material de estudo: cartilhas com os critérios de correção da redação do Enem. O documento, que é inédito, é uma cópia do manual de correção enviado anualmente aos corretores oficiais da prova. 

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O material possui todas as informações sobre como as redações devem ser corrigidas, respeitando as cinco competências avaliadas na produção textual. Para te ajudar nos estudos, a Revista Quero fará uma série de cinco matérias com o resumo do conteúdo divulgado em cada uma das cartilhas.

Quer melhorar o seu desempenho na redação do Enem? Então, confira o que você precisa saber para conseguir a nota máxima na competência 1

O que é avaliado na competência 1 da redação do Enem?

A primeira competência avaliada na redação do Enem é a proficiência dos estudantes quanto à modalidade escrita formal da Língua Portuguesa, ou seja, quão bem o candidato sabe se expressar seguindo a norma padrão.

Para isso, são avaliados os seguintes aspectos: 

  • Estrutura sintática: “forma como o participante constrói as orações e os períodos de seu texto, verificando se eles estão completos, se contribuem para a fluidez da leitura, entre outras questões de ordem sintática”, explica a cartilha.
  • Desvios: fuga à gramática normativa. Por exemplo, são considerados desvios: erros de acentuação, ortografia, regência, pontuação, concordância, entre outros.

Para formar a nota máxima dessa competência, que equivale a 200 pontos, o candidato deve garantir “estrutura sintática excelente”, que admite apenas uma falha, e, no máximo, dois desvios. Caso contrário, a nota sofrerá desconto de acordo com número de erros cometidos.

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O que é estrutura sintática?

De acordo com a cartilha divulgada pelo Inep, “uma estrutura sintática convencional pressupõe a existência de determinados elementos oracionais que se organizam na frase e garantem a fluidez da leitura e a apresentação clara das ideias do participante, organizadas em períodos bem estruturados e completos.”

O documento ainda aponta quais são os erros mais comuns que podem levar à falha na estrutura sintática:

Truncamento de períodos

“Quando se separam orações principais de subordinadas, duas orações coordenadas ou simplesmente se isolam em períodos ou frases partes de uma oração que deveriam constituir um único período”, ou seja, isso ocorre quando orações são separadas indevidamente

Nos exemplos abaixo, a oração é interrompida pelo ponto, sendo que a frase seguinte pertence à oração anterior: 

  • Nos séculos anteriores ao século XXI. A manipulação era diretamente com a mídia
[…]. 

  • Hoje podemos notar a real gravidade e impacto da internet em nossas vidas, já ficamos 90% do tempo conectados. Seja vendo um filme, rolando pela timeline do instagram.
  • Além disso, as crianças também se tornaram alvos dessa manipulação. Deixando a infância de lado para usarem aplicativos, que de muitas vezes perigosos e não adequado para menores. 
  • Justaposição de orações e/ou períodos

    “Períodos e/ou orações que deveriam constituir períodos independentes, mas foram justapostos formando períodos únicos”, aponta a cartilha. A justaposição ocorre quando orações que deveriam ser divididas em períodos distintos, permanencem em apenas um.

    Veja o exemplo abaixo, em que o período inteiro poderia ter dividido em três períodos distintos: 

    • Atualmente a internet é o maior meio de comunição existente no mundo é de se
      esperar que a maioria das jovens estejam sendo controladas pela internet onde
      geralmente existem vários mundos a serem descobertos através dela prendendo os usuários que usam através de seus dados a forma que são manipulados, a 
      rapidez faz com que os usuários pensem que podem confiar cegamente já que
      recebem suas respostas tão rápido e sem hesito eles se prendem nesse mundo
      de dados que é íncrivel.

    Excesso, duplicação ou ausência de palavras

    “Quando se verifica excesso ou ausência de elementos sintáticos, não relacionados a problemas de regência ou de paralelismo, deve-se considerar uma falha de estrutura sintática”. Isso ocorre quando há repetição ou falta de elementos que compõem a oração.

    No exemplo abaixo, há a repetição do artigo “as” em “pelas as redes, visto que já existe um artigo na contração de pelas (por+as):

    • Muitos garotinhos já são bastante mocinhos pelas as redes sociais
    […].

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    O que são desvios?

    Além da estrutura sintática, outro aspecto avaliado na primeira competência são os desvios. Segundo a cartilha existem quatro tipos de desvios diferentes: desvios de convenções escritas, desvios gramaticais, desvios de escolha de registro e desvio de escolha vocabular

    Veja o que é avaliado em cada tipo de desvio: 

    DESVIOS
    de convenções de escrita – acentuação
    – ortografia
    – hífen
    – maiuscúlas/minúsculas
    – separação silábica (translineação)
    gramaticais – regência
    – concordância
    – pontuação
    – paralelismo sintático
    – emprego de pronomes
    – crase
    de escolha de registro – informalidade/marca de oralidade
    de escolha vocabular – escolha lexicais imprecisas

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    De acordo com Thiago Braga, coordenador de Redação e Língua Portuguesa do Colégio pH, entre os desvios avaliados, o estudante deve prestar atenção, principalmente, em três deles: erros ortográficos, de regência e concordância.

    “Lembrando que, nesses dois últimos tópicos, há uma diferença significativa entre a fala e a escrita. O aluno pode dizer no cotidiano, por exemplo: ‘O país chegou no limite’. Mas se ele vai escrever, a forma correta é ‘O país chegou ao limite’. Essa diferenciação da linguagem falada e da escrita é o que mais costuma trazer problemas para os alunos”, aponta.

    Desvios de convenção de escrita

    Esse tipo desvio está relacionado diretamente ao modo como se escrevem as palavras. Confira abaixo alguns dos desvios de escrita mais comuns:

    • Acentuação

    Esse tópico avalia quaisquer tipos de erros de acentuação. Quer aprender tudo sobre acentuação gráfica? Clique aqui.

    Veja o exemplo utilizado na cartilha: 

    – A maior rede de manipulação, que influência principalmente o comportamento humano…

    [nesse caso, influencia não deve ter acento cincunflexo].

    – Hoje no mundo em que nós vivemos tudo envolve internet, tanto na politica, quanto em relacionamentos amorosos…

    [aqui, falta o acento agudo em política].

    • Ortografia

    Aqui, são avaliados os erros de ortografia, ou seja, como as palavras são escritas. Clique e veja tudo sobre ortografia. 

    Segundo a cartilha, uma exceção são palavras estrangeiras grafadas incorretamente. Por exemplo, caso o estudante escreva “feique nius” (fake news) ou “notibuqui” (notebook), não será considerado desvio.

    • Hífen

    Serão penalizadas as palavras em que há o excesso ou falta de hífen. Com o Novo Acordo Ortográfico, o hífen deverá ser utilizado da seguinte forma:

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    – Para palavras cujo prefixo termina em vogal diferente daquela que introduz o segundo termo: não há emprego do hífen. Exemplo: socioeconômico, extraescolar, infraestrutura, semianalfabeto;

    – Para palavras em que o segundo termo começa com h: emprega-se o hífen. Exemplo: super-homem, anti-higiênico;

    – Para palavras cujo prefixo termina em vogal e o segundo termo começa com ou s: não se emprega o hífen e a consoante em questão é duplicada. Exemplo: autorretrato, antissocial, neorrealismo;

    – Para palavras cujo prefixo termina em -e e a segunda palavra se inicia, também, em -e: o hífen não é empregado. Exemplo: reedição, reeducação, reescrita;

    – Para palavras cujo prefixo termina com a mesma letra que se inicia o segundo termo: o hífen é empregado e separa as letras idênticas. Exemplo: micro-ondas, anti-inflamatória;

    – Para palavras com o prefixo -co: o hífen não é empregado. Se o segundo termo se iniciar pela letra h, ela deve ser suprimida. Exemplo: coabitante, coautor.

    Clique aqui e veja todas as mudanças da nova ortografia

    • Maiúsculas/minúsculas

    De acordo com a cartilha divulgada pelo Inep, serão considerados desvios as seguintes situações: 

    – Períodos iniciados com a letra minúscula;

    – Nome de pessoas grafados com a letra inicial minúscula;

    – Nome de países, continentes e outras áreas geográficas grafados com a letra inicial minúscula;

    – Nomes de eventos e acontecimentos históricos grafados com letras iniciais
    minúsculas (“Segunda Guerra Mundial”, “Proclamação da República”, “Guerra
    de Canudos”, “Reforma Protestante”, “Idade Média” etc.);

    – “Constituição” ou “Constituição da República Federativa do Brasil” grafados com letras iniciais minúsculas;

    – “Estado”, como sinônimo de conjunto das instituições que controlam uma nação, grafado com letra inicial minúscula;

    – Uso indevido de inicial maiúscula em substantivos comuns, verbos ou pronomes.

    • Separação silábica

    Esse tópico avalia a separação silábica é feita de forma correta, respeitando as regras ortograficas, e se há a indicação de translineação (mudança de uma linha para outra) por meio do hífen. 

    Desvios graticamais

    Esse tipo de erro ocorre quando a construção textual foge àquilo que prevê a gramática normativa.

    • Regência

    O desvio de regência ocorre quando há a ausência ou o emprego indevido de uma preposição que rege um nome ou um verbo.

    – Aprenda o que é regência verbal
    – Aprenda o que é regência nominal 

    • Concordância

    A concordância nominal ocorre em gênero e número entre substantivo e o adjetivo, o artigo e o pronome. Já a concordância verbal ocorre em nome e um verbo. 

    • Pontuação

    Segundo a cartilha, será considerado desvio o uso da vírgula quando:

    – Seperar sujeito e predicado;

    – Separar verbo e objeto;

    – Separar conjunção subordinativa e oração subordinada;

    – Separar locução conjuntiva e a oração subordinada que introduz.

    Saiba mais: 5 erros comuns do uso da vírgula
    Como usar ponto e vírgula?

    A ausência da vírgula será contada como desvio quando não for utilizada para:

    – Isolamento de apostos, adjuntos adverbiais longos e orações intercaladas;

    – Enumerações;

    – Separações incomuns e indevidas (por exemplo, separando nome/complemento, adjetivo/substantivo, advérbio/adjetivo, determinante/determinado e outros).

    • Paralelismo sintático

    O coordenador de Redação e Língua Portuguesa do Colégio pH explica que “paralelismo sintático” é a manutenção de uma estrutura sintática similar em frases diferentes dentro do mesmo período ou dentro do mesmo parágrafo.

    “Se eu digo ‘Eu fui ao cinema e ao teatro’ eu estou mantendo o paralelismo sintático. Já se eu digo ‘Eu fui ai cinema e o teatro’, eu estou criando um problema de paralelismo sintático”, explifica. 

    Essa função é garantida quando o estudante consegue manter os artigos e as preposições em duas ou mais estruturas que estão próximas e possuem relação ao mesmo contexto dentro do texto.

    • Emprego de pronomes

    Os pronomes são as palavras que substituem o substantivo ou o acompanham a fim de qualificá-lo. O emprego inadequado de um pronome pode acarretar em um desvio. 

    Veja quais são os pronomes mais comuns: 

    Pronomes de tratamento
    Pronomes pessoais
    Pronomes demonstrativos
    Pronomes indefinidos
    Pronomes oblíquos
    Pronomes relativos
    Pronomes possessivos
    Pronomes interrogativos
    Colocação pronominal

    • Crase 

    A crase é um recurso utilizado para indicar a contração da preposição “a” com um artigo definifido “a/as”. O uso incorreto da crase será considerado um desvio.

    No exemplo abaixo, o uso da crase está errado, pois apenas a preposição “a” seria necessária:

    – Ao longo dos anos, a internet começou à receber aprimoramentos…

    Saiba mais: 6 dicas para não errar mais a crase

    Desvios de escolha de registro

    Apesar do termo pouco conhecido, os desvios de escolha de registro são cometidos quando há marcas de oralidade, ou seja, linguagem informal e coloquialidades. Veja o  exemplo de desvio de escolha de registro:

    • O mundo hoje muito violento há as pessoas que usam as redes sociais para fazer algum tipo de violência. Pessoas tão sendo muito influenciadas…

    Ainda segundo a cartilha, outros exemplos desse tipo de desvio são:

    • Expressões coloquiais como “um monte”, “um bocado”, “é isso aí”, “né”, “tá
      beleza”, ou formas usadas na Internet, como “blz”, “vc”, “eh”;
    • O uso de diminutivos e aumentativos (ex.: “basiquinho”; “muitão”); 
    • Reduções (como “pra”, “pro”) e abreviaturas, como “p/” (no lugar de “para”)
      ou “c/” (no lugar de “com”).

    Desvios de escolha de vocabular

    “Os desvios de escolha vocabular dizem respeito à escolha lexical imprecisa de uma palavra no contexto em que ela se encontra. Essa incorreção é gerada, muitas vezes, devido a alguma semelhança entre a palavra adequada àquele contexto e a palavra de fato usada, cujo sentido não se encaixa no contexto apresentado”, explica a cartilha.

    Alguns dos exemplos citados são: 

    • Afinidade x finalidade;
    • Burocracia x democracia;
    • Descriminalizar x discriminar;
    • Escultural x estrutural.

    Lembrando que há diferenças entre desvios de escolha vocabular e de grafia, enquanto a primeira é evidenciada pelo uso de uma determinada palavra cujo sentido o participante desconhece, já a outra é o desconhecimento da grafia de uma palavra.

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    Como aprimorar a proficiência na competência 1?

    Para Thiago Braga, leitura e prática são as melhores formas de aperfeiçoar o conhecimento na Língua Portuguesa.

    “O aumento da proficiência vem de dois pontos: leitura e prática. Então é preciso, além de ler redações exemplares que estão disponíveis na internet, ler também textos jornalísticos, literários. Manter uma carga de leitura é muito importante, assim como a produção de textos propostos pelo Enem, com a correção de alguém que aponte os erros que estão sendo cometidos”, reforça o coordenador de Redação e Língua Portuguesa no Colégio pH.

    Ficou curioso e quer conferir a cartilha do Inep na íntegra? Clique aqui! 

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    Guia completo: Redação do Enem

    Ainda não sabe escrever uma redação para o Enem? Neste guia, você aprende como deve ser o formato da redação, quais são os critérios de avaliação e vê exemplos de redações de sucesso e dicas de quem tirou nota 1.000 e é especialista no assunto. 

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    Consultoria: Thiago Braga, Coordenador de Redação e Língua Portuguesa do Colégio pH

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