Nos próximos meses acontecerão diversos exames de avaliação, entre eles, Encceja, que certifica jovens e adultos, o conhecido Enem e os mais diversos vestibulares que garantem a entrada no Ensino Superior brasileiro.
Você sabe o que quase todos eles têm em comum? O tipo de redação! Na maioria dessas avaliações, o tipo dissertativo-argumentativo é exigido e é algo que, quando não cumprido, pode ser um fator desclassificatório.
Porém, apesar de ser tão comum, são poucos aqueles que sabem construir corretamente esse tipo de texto. Por isso, a Revista Quero consultou Erica Herédia, que é a coordenadora de redação do Kuadro, um cursinho online pré-vestibular, para saber tudo sobre esse tipo de texto.
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O que é o texto argumentativo-dissertativo?
Segundo a Cartilha do Participante do Enem 2017, esse texto é aquele que “demonstra a verdade de uma ideia ou de uma tese por meio de argumentação”.
Ou seja, é mais do que uma simples exposição de ideias. Por isso, além de indicar um ponto de vista, é preciso ter argumentos que sustentem a sua tese, que deve estar relacionada à proposta feita pela banca de redação do exame.
Erica reforça essa indicação e diz que é preciso que o participante tente convencer aquele que está lendo o texto. “É preciso ter em mente que dissertar é discutir, questionar e expressar um ponto de vista, mas, principalmente, fazer isso tudo com o propósito de persuadir seu interlocutor”.
Qual é a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo?
Assim como em qualquer tipo de redação, essa estrutura pede que o texto tenha início, meio e fim. E é espero pelo corretor que se siga isso, já que ele busca identificar no parágrafo inicial a introdução e contextualização do tema. Já nos próximos, é esperado encontrar o desenvolvimento dos argumentos e a solução da questão.
Ainda segundo a coordenadora de redação, muitos alunos têm problemas para iniciar o texto, outros apresentam maior dificuldade em compor a tese e apresentar argumentos, enquanto outros, na conclusão.
“A dica que eu dou para todos os meus alunos é que planejem antecipadamente o rascunho, transforme o tema em uma pergunta e procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto de vista, ou seja a sua tese!”, orienta.
Para continuar desenvolvendo o seus argumentos, pergunte a si mesmo o motivo da sua resposta, qual é a razão que justifica a sua posição. Após isso, busque exemplos que possam reforçar o seu argumento. Esse tipo de exemplo dá força para a argumentação e ainda pode ser o destaque do seu texto.
Para finalizar, é preciso indicar nos parágrafos finais quais são os agentes sociais que melhor conseguem intervir e “estancar a ferida” exposta na problemática inicial e que foi desenvolvida ao longo da sua redação.
Dica bônus: não confunda proposta de intervenção com conclusão!
Lembre-se que proposta de intervenção não é sinônimo de conclusão!
“Um texto bom e bem ordenado logicamente, deixa de maneira clara a proposta de solução para o problema apresentado, integrando- a à argumentação geral do texto e já dando pistas de seu posicionamento ideológico lá na introdução!”, defende Erica Herédia.
Assim, a proposta pode ser apresentada em conjunto com a exposição sobre o tema, de maneira articulada desde o começo da redação, aprofundando-se em seu desenvolvimento e finalizando na conclusão.
Tema proposto: uma via de duas mãos
A temática pedida também é algo que influencia a forma como você irá organizar o seu texto. Segundo a coordenadora de redação, nos últimos anos foi possível perceber que há um ponto comum na maioria dos temas: a questão social.
“Há uma primazia pelo lado social, comprovadamente exposto em temas de edições anteriores desses exames, como imigração, publicidade infantil, adoção e violência contra a mulher, bem como a apresentação de números que comprovem aquele problema e a recomendação de que os candidatos apresentam uma solução que estanque essa ferida social”, explica Erica.
Por isso, ela indica que os participantes devem estar atentos às questões de cunho social e políticos que estão em alta no ano.
Quão melhor você compreender a temática proposta, maiores são as chances de desenvolver um texto com argumentos bons e sustentáveis. “Para ter essa boa bagagem cultural, é necessário que se tenha interesse por conhecimentos sobre as mais variadas culturas, livros, filmes, exposições, viagens, e até comida!”, reforça.
Para aqueles que têm uma rotina mais movimentada que não permite gastar muito tempo para estudar, uma boa dica é utilizar seu período de lazer para isso. Como fazer isso? Visite museus, pinacotecas, exposições de artes e flores, feiras culturais e de alimentos, assim você tem um contato direito com culturas diferentes e ainda pode se entreter.
Ou seja, acompanhar o noticiário, independentemente da mídia escolhida, ler e conhecer novas culturas pode ser uma das chaves para o sucesso da sua redação.
Como melhorar ainda mais meu texto?
Além disso, para que o seu texto consiga uma boa pontuação, é preciso que ele ainda tenha as seguintes características elencadas pela coordenadora de redação:
É preciso dominar a escrita formal;
O uso de palavras que nomeiam ideias e conceitos;
Manter a ausência de temporalidade;
Ter o encadeamento correto de ideias;
Ficar atento à presença de marcadores argumentativos.
Outra dica importante é: use os textos de apoio! Eles não estão ali apenas para apresentar a temática, mas também para servir como base para possíveis argumentos e guiar qual caminho seguir.
Caso você realmente não conheça o assunto proposto, esses textos podem ser a sua chance de não deixar a sua redação rasa. Por isso, use-os com sabedoria!
Terminou seu rascunho? Agora, leia tudo com atenção!
Para Erica, o participante deve dar um tempo entre o esboço e a redação final, visto que isso dá ao candidato o poder de crítica e argumentação, já que ele pode refletir melhor sobre sua produção por meio de outros textos que surgiram no caderno de questões.
"Eu gosto de sugerir que a pessoa leia e avalie o tema, esboce seu projeto de texto e depois faça a prova de Linguagens. Além disso, para evitar erros, o aluno deve ler com atenção máxima o enunciado apresentado, porque a fuga do tema proposto é um dos erros mais comuns, junto com a recorrência de faltas graves à norma padrão da Língua Portuguesa”, aconselha.
Guia completo: Redação do Enem
Ainda não sabe escrever uma redação para o Enem? Neste guia, você aprende como deve ser o formato da redação, quais são os critérios de avaliação e vê exemplos de redações de sucesso e dicas de quem tirou nota 1.000 e é especialista no assunto.
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