Em 2018, o Brasil ficou em primeiro lugar num ranking que não orgulha os brasileiros: o país que mais perdeu árvores primárias no mundo. De acordo com relatório do Global Forest Watch, 12 milhões de hectares de florestas tropicais desapareceram, uma área equivalente ao tamanho da Bélgica.
Do total, cerca de 1,3 milhão de hectares são só do Brasil, o país com mais desmatamento. O Brasil desmatou três vezes mais que o segundo colocado, o Congo.
Operação do Ibama combate desmatamento e garimpo na Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto, Amazonas (Foto: Vinícius Mendonça/Ibama)
Os altos índices de desmatamento se repetem na Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento da floresta amazônica no território brasileiro aumentou 88% no comparativo entre junho de 2019 e junho de 2018. Foram desmatados 920,4 km² de floresta, contra 488,4 km² no mesmo mês em 2018.
Além de ser a maior floresta tropical do mundo, na Amazônia também se encontra a maior biodiversidade do planeta. Lá é o habitat de milhares de espécies de animais, vegetais e microorganismos, com algumas ainda sendo descobertas até hoje.
Onça flagrada na Floresta Amazônica (Foto: Grispb/Fotolia)
Localizada no norte da América do Sul, a Amazônia tem mais de 5 milhões de km² de área. A maior parte da floresta (60%) se localiza no Brasil, onde se estende pelos estados do Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia, Roraima, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. A floresta ainda se alonga por mais oito países: Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e França (Guiana Francesa).
A região também têm muitos rios, com destaque para o rio Amazonas, que compõem a Bacia Amazônica, a maior bacia hidrográfica do mundo e responsável por 20% da água doce líquida da Terra. Nessas águas também se encontram 85% das espécies de peixes de toda a América do Sul.
Rio Amazonas (Foto: gustavofrazao/Fotolia)
No Brasil, a floresta é delimitada numa área chamada “Amazônia Legal”. Ela foi criada em 1953 para fins de planejamento social e econômico da região e correspondente a cerca de 61% do território brasileiro.
Desenvolvimento do homem, desaparecimento da floresta
A floresta é de extrema importância ecológica para a biodiversidade e controle da poluição do mundo. Entretanto, a partir do período de Regime Militar, o desenvolvimento na região aumentou cada vez mais a intervenção humana na floresta e, consequentemente, sua devastação.
Chegaram à região projetos agropecuários e de mineração. As usinas hidrelétricas, madeireiras, pecuaristas e garimpeiros colaboram para a derrubada da floresta, queima da mata, poluição dos rios e do ar, e extinção de espécies.
Muitas dessas intervenções avançam as áreas permitidas, culminando na extração ilegal de madeira, incêndios criminosos e invasão de terras de povos indígenas e ribeirinhos. Essas irregularidades e a ganância de fazendeiros e empresas causam inúmeros conflitos e até mortes dos povos da região na atualidade.
Indígenas participam do lançamento do projeto Amazônia Protege para combater o desmatamento ilegal na floresta amazônica (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Quais as consequências do desmatamento?
O desmatamento traz diversos problemas ambientais e sociais, como aumento do efeito estufa, aumento da extinção de animais silvestres, perda da biodiversidade e perda de território de populações ribeirinhas e indígenas.
A maior floresta e maior bacia hidrográfica apresentam estruturas complexa e delicadas. O professor de Biologia, Guilherme Goulart, do canal do Youtube Biologia Profº Guilherme, destaca que floresta depende da hidrografia e a hidrografia depende da floresta.
Um exemplo da importância desse equilíbrio é a manutenção dos chamados rios voadores. Guilherme explica: “a evapotranspiração das plantas da Amazônia é tão intensa que forma blocos de ar úmido que se deslocam para boa parte do território sul-americano e condicionam os regimes de chuva”. Por causa da atuação desses rios que não temos uma formação desértica no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.
Casa de povo ribeirinho na beira do Rio Amazonas (Foto: Anna ART/Fotolia)
O avanço do homem também coloca em risco o papel da floresta para o mundo. “A Amazônia possui um potencial farmacológico, alimentício e cultural inestimável. Destruir a maior floresta pluvial do mundo significa agravar o problema da falta de água nas metrópoles, diminuir a produtividade agrícola, perder de novos medicamentos, negligenciar alternativas nutricionais e suprimir culturas”, alerta Guilherme.
Segundo Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), de 2016, o Brasil registrou, entre 1990 a 2015, uma redução de quase 55 mil hectares no tamanho de suas florestas, incluindo a floresta Amazônica.
Em 2015, no Acordo de Paris, um tratado internacional, o Brasil se comprometeu em diminuir a poluição e recuperar 12 milhões florestas para conter aquecimento global. Atualmente, no governo Bolsonaro, surgiu a possibilidade do Brasil deixar de ser signatário do acordo.
Desmatamento da Amazônia ao longo dos anos
Junto a isso, a recente divulgação dos dados sobre o aumento do desmatamento na Amazônia, do Inpe, também gerou conflitos entre os órgãos do governo. A possibilidade de deixar o Acordo de Paris e o aumento nos índices de desmatamento na Amazônia causaram reprovação internacional de países como Alemanha e França.
Atualmente, o país vive uma grande crise na área ambiental: só no primeiro trimestre de 2022 foram desmatados 687 km² de floresta, o equivalente a metade da cidade do Rio de Janeiro, segundo medições do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Segundo o instituto, essa quantidade foi a segundo maior já registrada em 15 anos de estudo, ficando atrás apenas do primeiro trimestre de 2021, quando o desmatamento atingiu 1.185 km².
A preocupação com o crescente desmatamento da Floresta Amazônia também já virou assunto no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em 2001, o tema da redação foi “Desenvolvimento e Preservação Ambiental: como conciliar os interesses em conflito?”.
Em 2008 a prova foi ainda mais específica ao cobrar o tema “Como preservar a floresta Amazônica”. O candidato devia defender uma das três alternativas apresentadas para floresta continuar desempenhando seu papel, destacando as possibilidades e as limitações da ação escolhida.
As ações sugeridas foram: “suspensão completa e imediata do desmatamento na Amazônia até a identificação de áreas exploráveis de maneira sustentável; o pagamento a proprietários de terras para que deixem de desmatar a floresta, utilizando-se recursos financeiros internacionais; o aumento da fiscalização e a aplicação de pesadas multas àqueles que promoverem desmatamentos não-autorizados”.
O professor Guilherme acredita ser pouco provável que o Enem traga novamente o tema desmatamento na Amazônia de maneira frontal, pois o assunto implica autocríticas ao próprio governo. “A questão envolve problemáticas políticas-públicas, posse de terras, supressão de povos nativos, venda ilegal de madeira e ocupação agrícola imprópria”, justifica.
Já a temática do desmatamento é recorrente na prova e pode cair em Geografia e Biologia. “É comum a apresentação de situações problema e, nesse sentido, tanto a biologia quanto a geografia serão ativadas para interpretar a situação, oferecer soluções ou justificar estratégias adotadas”, avisa Guilherme.
A prova pode exigir do aluno uma boa noção sobre a importância da Amazônia e as causas e consequências de seu desmatamento. Guilherme esclarece que o exame espera que o candidato saiba correlacionar o tema com o avanço da fronteira agrícola, questões legislativas, impactos gerados e com a estrutura do bioma Amazônia. Além disso, ter uma visão crítica para melhor analisar as situações-problemas, priorizando uma abordagem em cima da prevenção e da remediação, é um diferencial.
O professor explica que o Enem costuma abordar a temática como pano de fundo para outros temas, como erosão, empobrecimento do solo, interferência no regime de chuvas, entre outros.
Um exemplo é uma questão do Enem 2018 que abordou sobre fragmentação florestal e o uso de corredores ecológicos. Nesse caso, o desmatamento foi o contexto para prova abordar sobre genética de populações. “A prova já dava como fato consumado o desmatamento, a diminuição dos hábitats e a dificuldade de manter a dinâmica ecológica natural nestes ambientes”, enfatiza Guilherme.
Enem 2018. Resposta correta: alternativa A.
Outra abordagem é a interpretativa. “Nessa questão do Enem de 2008, a partir de dados sobre o desmatamento amazônico e sua relação com a pecuária e a agricultura, o que se buscava eram medidas tecnológicas que aumentassem a produtividade agropecuária sem o aumento das áreas de cultivo ou criação animal”, exemplifica o professor.
Enem 2008. Resposta correta: alternativa E.
O que devo estudar?
Para te ajudar nos estudos, o professor Guilherme faz uma lista de conteúdos que você precisa saber para se garantir na prova, confira:
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