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Nematelmintos: o que são e exemplos de doenças

Biologia - Manual do Enem
William Mira Publicado por William Mira
 -  Última atualização: 28/8/2024

Introdução

Os nematelmintos são chamados de vermes cilíndricos ou alongados. Podem também ser chamados de nematódeos, nemátodos ou, ainda, de nematoides, e são agrupados dentro do filo dos Nematoda, que surgiu a partir do reino dos platelmintos, no Reino Animal. São organismos invertebrados e não segmentados.

Os nematelmintos apresentam, geralmente, vida livre, sendo encontrados em ambientes aquáticos (tanto de água doce, quanto salgada), ou em ambientes terrestres úmidos. Podem, também, se alojar no interior de outros organismos, atuando como parasitas. Aproximadamente 50 espécies de nematóides estabelecem relação de parasitismo.

São exemplos de vermes nematelmintos as Lombrigas e os Ancilostomas, causadores, respectivamente, da Ascaridíase e da Ancilostomose. Outro representante do filo é o nematóide de vida livre chamado Caenorhabditis elegans, muito conhecido por ser um organismo modelo em estudos envolvendo animais, principalmente invertebrados. O C. elegans é muito utilizado na ciência para substituir outros modelos animais mais complexos e que levam mais tempo desenvolvimento ou para gerar uma resposta metabólica.

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C. elegans adulto.

Estima-se cerca de 80.000 espécies diferentes de nematelmintos existentes atualmente no planeta.

Nematóides vistos no microscópio.Nematóides vistos no microscópio.

Índice

O que são nematelmintos?

Os nematelmintos, também conhecidos como nematódeos ou vermes redondos, são um filo de animais invertebrados que abrange uma vasta diversidade de espécies, estimando-se mais de 25.000 espécies descritas, embora o número real possa chegar a milhões.

Eles possuem corpos alongados, cilíndricos e não segmentados, que os fazem parecer fios ou cordas sob ampliação, e daí vem o nome "vermes redondos". Os nematelmintos variam em tamanho desde microrganismos quase invisíveis a olho nu até espécies que podem alcançar vários metros de comprimento.

Saiba mais:
Zoologia
Esquistossomose

Características dos nematelmintos

São animais pluricelulares, possuindo várias células capazes de formar tecidos, e são eucariontes, sendo suas células dotadas de organelas celulares e carioteca separando o material genético do restante do conteúdo celular.

São também organismos triblásticos, possuindo assim três folhetos embrionários (endodermamesoderma e ectoderma), que darão origem aos demais tecidos e órgãos do corpo.

Além disso, são animais pseudocelomados: possuem uma cavidade cheia de líquido chamada de pseudoceloma, pois não é delimitada apenas por mesoderma como o celoma verdadeiro, mas sim pelo mesoderma e pelo endoderma.

Mesmo assim, o pseudoceloma apresenta as mesmas funções do celoma verdadeiro, servindo como local de desenvolvimento e depósito dos órgãos e das vísceras, além de auxiliar no transporte de substâncias e funcionar como esqueleto hidrostático, garantindo o suporte do organismo.

Outra característica fundamental dos nematelmintos é a presença de sistema digestório completo, sendo, portanto, os primeiros animais a possuírem boca e ânus (alguns estudiosos chamam a segunda abertura de cloaca).

Os nematelmintos possuem corpo cilíndrico e bem alongado, com simetria bilateral, podendo dividir seu corpo em duas partes iguais e apresentando duas regiões (região posterior e anterior).

Podem apresentar uma cutícula protéica protetora acima da epiderme (camada de células mais externa do corpo) e abaixo da epiderme, apresentam células derivadas do mesoderma que possuem capacidade de contração, auxiliando na locomoção desses organismos.

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Fisiologia dos nematelmintos

De modo geral, os nematelmintos apresentam muita similaridade fisiológica com os platelmintos. As principais diferenças estão nos processos digestivos e em algumas particularidades do sistema excretor.

Anatomia interna de um C. elegans macho.Anatomia interna de um C. elegans macho.

Sistema Digestório e Excretor

Como já dito, possuem sistema digestório completo, ou seja, possuem boca, faringe, intestino e ânus. O sistema digestório completo é uma importante aquisição evolutiva, pois o alimento consumido percorre uma única direção, aumentando a eficiência do sistema digestório e permitindo o processamento de partículas no interior do tubo digestivo.

Os nematelmintos podem ser carnívoros ou herbívoros, com algumas espécies parasitas que se alimentam da matéria orgânica consumida pelo hospedeiro em que estão ou, ainda, possuindo hábitos hematófagos (se alimentando do sangue do hospedeiro). Nematóides de vida livre se alimentam, geralmente, de pequenos anelídeos, plantas, algas, fungos e outros microrganismos.

O sistema de excreção ocorre através do armazenamento de excretas, na forma de amônia, no pseudoceloma. Essas excretas são, então, difundidas para o meio externo com auxílio de glândulas presentes ao longo do corpo do nematóide, que se abrem em um poro excretor. Os nematelmintos não possuem órgãos excretores nem células ciliadas especializadas em excreção.

Algumas espécies possuem células chamadas de Renetes, especializadas na excreção de íons e, por isso, auxiliam na osmose do organismo.

Sistema Respiratório e Circulatório

Os nematelmintos, assim como os platelmintos, não possuem órgãos especializados em respiração e na circulação de substâncias. As trocas gasosas ocorrem através da pele e dos tecidos por difusão, e os nutrientes são absorvidos diretamente pelas células dos tecidos.

Podem sobreviver tanto em ambientes aeróbios (na presença de O2), quanto em ambientes anaeróbios (sem O2). Geralmente, os vermes nematóides adultos são anaeróbios e as larvas de vida livre fazem respiração aeróbica.

Sistema Nervoso e Sensorial

Apresentam sistema nervoso ganglionar, que se centraliza na região da faringe. Possuem dois cordões nervosos ligados, que percorrem a região dorsal e ventral do corpo. Nas regiões da cabeça e da cauda estão concentradas diversas papilas sensoriais, que têm a função de permitir que o organismo responda aos estímulos ambientais.

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Reprodução dos nematelmintos

Os nematelmintos podem ser dióicos (com sexos separados), ou monóicos (possuindo ambos os sexos em um único indivíduo, chamado de hermafrodita). Alguns nematóides dióicos apresentam, ainda, dimorfismo sexual, apresentando diferenças anatômicas entre os indivíduos de sexos diferentes.

Os seres dióicos apresentam reprodução sexuada, com o macho introduzindo sua estrutura reprodutiva, chamada de espícula peniana, no poro genital da fêmea (às vezes chamado de vagina por alguns estudiosos) e lançando o espermatozóide (gameta masculino) no interior do organismo feminino para encontrar o óvulo (gameta feminino). O encontro dos gametas (fecundação) gera um zigoto que se encontra dentro de ovos que são liberados pelo poro genital da fêmea para o meio em que se encontram.

Os seres hermafroditas podem realizar autofecundação (sem variabilidade genética) ou fecundação cruzada.

Nos nematóides parasitas, o homem é o hospedeiro definitivo, sendo nele o local onde ocorre a reprodução sexuada e a formação de ovos, que podem ser liberados no ambiente pelas fezes do ser humano. Dependendo da espécie, alguns vermes podem ir para a corrente sanguínea, onde são sugados junto com o sangue do ser humano para um hospedeiro intermediário. Uma vez no ambiente, esses ovos podem contaminar águas, solos e plantas, podendo ser ingeridos por outros hospedeiros definitivos.

Doenças causadas por nematelmintos

O filo dos nematelmintos, como já dito, é composto por algumas espécies de vermes parasitas. Esses organismos endoparasitas, quando no interior dos hospedeiros, são responsáveis por infecções e doenças já conhecidas.

Ancilostomose

A Ancilostomose, ou Ancilostomíase, é uma doença conhecida popularmente como Amarelão, muito comum nas zonas rurais, causada pelo Nematelminto do gênero Ancylostoma, sendo o Ancylostoma duodenale a principal espécie parasita da doença.

Ancylostoma caninum, uma das espécies causadoras da ancilostomose.Ancylostoma caninum, uma das espécies causadoras da ancilostomose.

O ciclo de vida do parasita causador da Ancilostomose envolve o ser humano como hospedeiro definitivo e não possui hospedeiro intermediário, apresentando, portanto, ciclo de vida monoxênico.

No interior do intestino, os vermes se reproduzem sexuadamente, gerando ovos que serão eliminados nas fezes do hospedeiro. No solo, esses ovos vão eclodir e se desenvolver em larvas chamadas filarióides, que conseguem penetrar o corpo humano através da pele, atingindo, assim, a corrente sanguínea, e seguindo para os pulmões e o coração. Nos pulmões, elas adentram as traquéias, para serem engolidas e irem para o intestino, onde podem se desenvolver na forma adulta e produzir ovos, que serão novamente liberados no meio ambiente.

A transmissão ocorre a partir da penetração da larva na pele do hospedeiro, ou através da ingestão da larva na forma de cisto. Os sintomas da ancilostomose podem ir desde inflamações locais (na região de penetração do verme na pele), até lesão pulmonar, cólicas, náuseas e anemia, que se caracteriza como principal sintoma.

Os parasitas da ancilostomose possuem dentículos na região da boca, que rasgam a parede intestinal para que o verme possa sugar o sangue do hospedeiro, causando a anemia. Essa condição acaba deixando o paciente com coloração amarelada, por isso a doença é popularmente conhecida pelo nome amarelão. A partir da anemia, a geofagia (vontade de comer terra) é outro sintoma que pode se desenvolver para suprir a carência nutricional de minerais do hospedeiro.

Assim como todas as verminoses, as medidas profiláticas da ancilostomose são:

  • Condições adequadas de saneamento básico;
  • Higiene pessoal para evitar o contato direto com ovos do endoparasita (usar sapato quando for andar na terra é a principal forma de higiene pessoal para evitar a infecção).

O tratamento envolve a utilização de antiparasitários (vermífugos) e a educação sanitária para conscientizar as pessoas dos hábitos higiênicos para evitar o contato com o verme.

Ascaridíase

Doença causada pelo endoparasita nematóide Ascaris lumbricoides, popularmente conhecido como Lombriga, que apresenta ciclo de vida monoxênico. Nessa doença, o ser humano é o hospedeiro definitivo, e o contágio se dá pela ingestão de alimentos contaminados pelos ovos e larvas do parasita, como verduras e legumes, ou até mesmo pela ingestão de água contaminada.

Ascaris lumbricoides.Ascaris lumbricoides.

No interior do corpo do hospedeiro definitivo, a lombriga se aloja no intestino. Os principais sintomas da doença são: diarréia, obstrução intestinal, vômitos, emagrecimento e até lesões pulmonares (quando ocorre a ingestão de muitos ovos e larvas, que acabam se alojando nos pulmões).

Ciclo de Vida do Ascaris lumbricoides.Ciclo de Vida do Ascaris lumbricoides.

O tratamento envolve a utilização de fármacos que matam o verme, como os vermífugos. As principais medidas profiláticas são:

  • Saneamento básico, por isso essa doença é mais comum em países subdesenvolvidos, nos quais o saneamento básico é precário;
  • Higiene pessoal: lavar adequadamente frutas e verduras antes de comer, ferver água sem tratamento antes de beber, lavar bem as mãos etc.

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Oxiurose

O parasita chamado Enterobius vermiculares, popularmente chamado de oxiúros, se aloja no intestino grosso humano (hospedeiro definitivo) e deposita seus ovos na região anal, provocando coceira que auxilia na liberação desses ovos no ambiente.

A doença é transmitida, portanto, a partir do contato direto entre os ovos do verme liberados no ambiente e o hospedeiro definitivo, e também pode ocorrer através da ingestão de comida e bebida infectada.

O principal sintoma é o prurido anal (coceira na região anal), inflamação, danos na parede intestinal que podem ocasionar náuseas, vômitos e diarréias.

Ciclo de vida do Enterobius vermicularis.Ciclo de vida do Enterobius vermicularis.

A profilaxia envolve:

  • Higiene pessoal, para evitar o contato direto entre os ovos do parasita e o hospedeiro definitivo;
  • Saneamento básico de qualidade.

O tratamento da oxiurose envolve o consumo de vermífugos, lavagem de roupas íntimas com água quente e troca diária de roupas íntimas, roupas de banho e roupas de cama, para evitar o contato com os ovos liberados nesses locais.

Filariose

Também chamada de elefantíase, é causada pelo nematóide Wuchereria bancrofti, que tem o ser humano como hospedeiro definitivo, e o mosquito do gênero Culex como hospedeiro intermediário - apresentando, portanto, ciclo de vida heteroxênico (com mais de um hospedeiro).

Mosquito Culex, principal vetor da doença no Brasil.Mosquito Culex, principal vetor da doença no Brasil.

O ciclo de vida pode se iniciar com a formação de ovos do verme alojado no sistema linfático do hospedeiro definitivo. Esses ovos eclodem, e as larvas, chamadas microfilárias, migram para a circulação sanguínea. A partir deste momento, ao sugar o sangue do humano infectado para se alimentar, o mosquito do gênero Culex pode ingerir as microfilárias, e então, ao picar outro indivíduo, ele deposita o parasita, que migra para o sistema linfático desse novo hospedeiro, onde se inicia um novo ciclo.

A transmissão ocorre, portanto, através do mosquito hospedeiro intermediário. Os principais sintomas são febre, alergia e obstrução dos vasos linfáticos, quando o verme está adulto, e a formação de edema (inchaço) nas regiões endócrinas, por isso o nome popular de elefantíase.

Edema dos membros inferiores.Edema dos membros inferiores.

A profilaxia envolve:

  • O combate ao vetor para impedir o contato deste com o hospedeiro definitivo;
  • Identificação dos doentes para impedir a transmissão através do contato com mosquitos.

O tratamento dessa verminose é mais complexo devido ao local em que o parasita se aloja, mas, como em qualquer outra verminose, utilizam-se vermífugos para a morte do parasita. Em alguns estágios mais avançados da doença, pode ser necessária a amputação das regiões inchadas.

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Resumo sobre nematelmintos

Os nematelmintos, conhecidos popularamente como vermes redondos, constituem um filo de invertebrados com características distintas, incluindo corpos cilíndricos, alongados e não segmentados, que variam em tamanho desde microscópicos até vários metros de comprimento em algumas espécies.

Esses organismos possuem um sistema digestivo completo, com uma abertura oral e anal, diferenciando-os de outros invertebrados como os platelmintos, que têm um sistema digestivo com uma única abertura.

Eles são encontrados em uma ampla gama de ambientes, desde solos e corpos d'água até como parasitas internos ou externos de plantas e animais, incluindo humanos.

Os nematelmintos desempenham papéis ecológicos importantes, como a decomposição e reciclagem de matéria orgânica, mas também incluem espécies que são patógenos causando doenças em plantas, animais e humanos. Exemplos de doenças humanas causadas por nematelmintos incluem ascariase, ancilostomíase, filariose e enterobíase.

Alguns nematelmintos, como o Caenorhabditis elegans, são amplamente utilizados em pesquisas científicas devido à sua simplicidade biológica, genética conhecida e facilidade de cultivo em laboratório, oferecendo insights valiosos em biologia celular, neurociência e genética.

Os nematelmintos têm um ciclo de vida que pode incluir estágios de desenvolvimento livre-vivente e/ou parasitário, dependendo da espécie. A reprodução pode ser assexuada ou sexuada, sendo a maioria das espécies dioica, com sexos separados. Seu exoesqueleto flexível, chamado cutícula, é trocado periodicamente através de um processo conhecido como ecdise ou muda.

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Exercício de fixação
Passo 1 de 3
UEL

Estudando-se o ciclo de vida de um verme parasita do ser humano, obtiveram-se os seguintes dados:

  • os ovos do verme são eliminados com as fezes do hospedeiro;
  • os ovos eclodem sobre a terra úmida, liberando larvas que penetram ativamente na pele do ser humano;
  • as formas adultas desse verme vivem no intestino delgado do ser humano.

Esses dados indicam tratar-se da espécie:

A Taenia saginata.
B Ascaris lumbricoides.
C Enterobius vermicularis.
D Schistosoma mansoni.
E Ancylostoma duodenale.
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